Número de jovens que não estudam nem trabalham é o menor em dez anos

Estudo conclui que os desafios estruturais de qualidade do emprego, remuneração e formalização permanecem como entrave
A principal explicação para a queda histórica no número de jovens sem trabalho e estudo é a melhora no nível de atividade econômica

Um boletim especial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), publicado na terça-feira (1), com base na Pnad Contínua do IBGE, aponta que o número de jovens brasileiros entre 14 e 29 anos sem trabalho e sem estudar caiu para o menor nível em  dez anos. No entanto, os dados revelam um cenário contraditório: enquanto o acesso ao emprego melhora, as condições de trabalho para essa parcela da população permanecem marcadas pela informalidade e baixa remuneração. 

No segundo trimestre de 2025, 8,9 milhões de jovens – o equivalente a 17,9% dessa faixa etária – estavam na situação popularmente conhecida como "nem-nem". Este é o menor contingente desde 2015. O Dieese, porém, desafia essa nomenclatura, argumentando que ela transmite uma ideia de passividade que não condiz com a realidade. O Dieese propõe o termo "sem-sem" para destacar que a situação é, em geral, transitória e está mais ligada à precariedade das oportunidades oferecidas do que à falta de iniciativa dos jovens.

O estudo demonstra que a maioria (60%) desses 8,9 milhões de jovens estava envolvida em outras atividades. Deste total, 34% dos homens e 19% do total geral estavam ativamente procurando emprego. Entre as mulheres, 42% nesta condição dedicavam-se aos afazeres domésticos, cuidado da casa, filhos ou parentes. Outros 8% dos jovens realizavam cursos fora do ensino regular, como pré-vestibulares ou de qualificação, e apenas 2% declararam não querer trabalhar.

A principal explicação para a queda histórica no número de jovens sem trabalho e estudo é a melhora no nível de atividade econômica. Entre o segundo trimestre de 2020 (o pico da pandemia) e o mesmo período de 2025, o número de "sem-sem" caiu 39%. Refletindo essa tendência, a taxa de desocupação entre os jovens caiu para 10,2% no segundo trimestre de 2025, a menor da série histórica da Pnad Contínua. Apesar disso, a inserção no mercado é mais difícil no início da carreira: a taxa de desocupação entre os jovens de 18 anos era de 20,2%.

Apesar do cenário mais favorável, as condições de trabalho para os jovens ainda são preocupantes. Dos 26,8 milhões de jovens ocupados, o  rendimento médio foi de R$ 2.314, valor 38% menor que o dos trabalhadores com 30 anos ou mais (R$ 3.740). A taxa de informalidade era de 39,5%, superior à dos trabalhadores mais velhos (37,3%). As ocupações mais comuns entre os jovens eram vendedores de loja, escriturários gerais e trabalhadores da construção civil, sendo que nenhuma das 20 posições mais frequentes exigia nível técnico ou superior. 41% cumpriam jornadas superiores a 40 horas semanais, o que dificulta a conciliação com os estudos.

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Sexta, 03 Outubro 2025

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