Intenção de consumo cresce, mas otimismo perde fôlego
A expectativa de consumo no Brasil segue crescendo, mas o otimismo dá sinais de perda de fôlego. É o que aponta o indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que avançou 0,8% em março, descontados os efeitos sazonais. O indicador chegou ao maior nível (96,7 pontos) desde março de 2020, superando o registrado no mês passado. O índice é apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde 2011. Embora tenha mantido tendência de alta, o avanço foi o menos expressivo em um ano, e a intenção de consumo segue abaixo da zona de avaliação positiva (100 pontos) desde 2015.
Pelo terceiro mês consecutivo, a perspectiva de consumo se destacou com o maior crescimento mensal, de 3,2%, chegando a 103,6 pontos. Desde outubro do ano passado, o indicador tem avançado mais que o nível de consumo atual, o que revela que as famílias anseiam por condições de consumo melhores no futuro. A proporção de consumidores com avaliação positiva da renda atual ficou estável (34,9%). Na visão da CNC, essa expectativa é muito positiva e reflexo de uma inflação mais controlada. Mas mostra, também, um desafio para a renda imediata.
Dificuldades de acesso ao crédito
A pesquisa revelou ainda que 37% das famílias consideram que o acesso ao crédito está mais difícil, com o índice que mede a facilidade das compras a prazo caindo 0,8% e se mantendo no quadrante negativo (90,5 pontos). Além disso, três em cada quatro consumidores consideram que o momento não é favorável para aquisição de bens. "O crédito está mais caro e seleto, principalmente para os consumidores de menor renda, e tem levado cada vez mais famílias a repensar compras de longo prazo", pontua Izis Ferreira, economista da CNC responsável pelo estudo.
Intenção cresceu mais entre ricos
Em contrapartida, diferentemente do registrado até fevereiro, a intenção de consumo cresceu mais entre os mais ricos, com um aumento de 2,2%. Já em relação à satisfação com o emprego atual, o índice avançou mais entre consumidores de rendas média e baixa no primeiro trimestre, enquanto acumulou queda no mesmo período entre os de renda elevada. Ou seja, cresce mais entre os consumidores com maior renda a frustração em relação ao emprego. O mercado de trabalho tem contratado pessoas com menor nível de escolaridade e menores salários, consumidores nas faixas de menor renda.
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