Indústria automobilística projeta recuperação de 25% no ano

Produção cai 31,6% em 2020 e recua 16 anos por conta da pandemia
Dezembro foi o melhor mês em vendas de veículos no ano, com média diária de 11,6 mil unidades

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou suas estimativas para o setor neste ano. A entidade prevê aumento de 15% no licenciamento de veículos, 9% nas exportações e 25% na produção, índices insuficientes para a retomada a patamares de 2019, antes da pandemia. Para máquinas, a expectativa é de crescimento de 7% nas vendas, 9% nas exportações e 23% na produção.

"Nunca foi tão difícil projetar os resultados de um ano, pois temos uma neblina à nossa frente desde março, quando começou a pandemia", explica Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. "Infelizmente, observamos uma segunda onda de covid-19 em países do hemisfério norte, que parece ter chegado também ao Brasil. E sabemos que uma imunização pela vacina será um processo demorado, que tomará quase todo o ano, impedindo uma retomada mais rápida da nossa economia. Some-se a isso a pressão de custos, as necessidades urgentes de reformas e surpresas desagradáveis como o aumento do ICMS paulista, e temos diante de nós um quadro que ainda inspira muita cautela nas nossas previsões", diagnostica.

Ao ser questionado pelo Portal AMANHÃ sobre o balanço que a Anfavea faz dos dois anos do governo Bolsonaro, Moraes respondeu que o Brasil conquistou avanços, como as medidas de flexibilização que ajudaram a manter empregos, o auxílio emergencial e importantes projetos de lei aprovados pelo Congresso (Marco do Saneamento, Lei do Gás e independência do Banco Central pelo Senado, pois falta votação ainda na Câmara). Porém, o executivo cobrou que o país tenha uma agenda econômica e estrutural que ande mais rápido. "Uma reforma administrativa é essencial. Além do mais, é preciso colocar a agenda eleitoral em segundo plano, em detrimento de fazer com que a imunização alcance o maior número de brasileiros possível. O custo econômico da vacinação será muito menor que os investimentos que terão de ser feitos para socorrer a economia", frisou.

Balanço do ano
A entidade também apresentou os dados do fechamento de 2020, fortemente impactados pela pandemia que interrompeu um ciclo de três anos de recuperação após outra crise, a de 2015/2016. No acumulado do ano, os números apresentaram quedas acentuadas, mas não tão drásticas como se projetava no início da crise sanitária. A grande injeção de recursos emergenciais na economia e a força do agronegócio ajudaram a amenizar as perdas do segundo trimestre, quando boa parte das fábricas e lojas permaneceram fechadas. As vendas ao mercado interno fecharam com 2.058.437 unidades, queda de 26,2%, recuando ao patamar de 2016, auge da última crise econômica brasileira.

A produção de 2.014.055 veículos encolheu 31,6%, deixando a indústria automobilística com uma ociosidade técnica de quase 3 milhões de unidades. No ranking global, deveremos ser superados pela Espanha (dados provisórios), caindo para a nona colocação. Já as exportações de 324.330 de unidades foram as piores desde 2002, um retrocesso de quase duas décadas. Em valores, a receita de US$ 7,4 bilhões foi menos da metade do que se exportou em 2017 (US$ 15,9 bilhões). O segmento de caminhões, impulsionado pelo agronegócio e pelo crescimento do e-commerce, foi o que teve as menores perdas entre os veículos, com queda de 11,5% nos licenciamentos em relação a 2019. Comerciais leves caíram 16%, automóveis 28,6% e ônibus 33,4%. Já as máquinas agrícolas e rodoviárias venderam 7,3% mais que no ano passado.

Dezembro foi o melhor mês em vendas de veículos no ano (243.967 unidades), com média diária de 11,6 mil unidades. Mas na comparação com 2019, apenas fevereiro de 2020 teve média de vendas superior, apesar da recuperação de mercado verificada no segundo semestre. A produção de 209.296 unidades em dezembro foi uma boa surpresa, apesar de todos os desafios logísticos, das limitações de insumos e dos protocolos sanitários. "A indústria fez um grande esforço para atender a demanda, trabalhando aos finais de semana e suspendendo parte das férias coletivas, mas entra em 2021 com os estoques mais baixos de sua história, suficientes apenas para 12 dias de vendas", ressaltou Moraes.

Veja mais notícias sobre BrasilEconomiaIndústria.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sábado, 14 Dezembro 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://amanha.com.br/