“É um erro”, opina FHC sobre nomeação de Lula
Um erro. Foi assim que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (foto) definiu a nomeação de Luis Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil, em palestra no evento Expertise – Grandes Riscos em Foco, promovido pela seguradora Tokio Marine nesta quarta-feira (16) em São Paulo. Para FHC, Lula irá retardar a recuperação econômica brasileira. Segundo ele, a Casa Civil não deve ser entregue a políticos, mas sim executivos, pois ela é “a máquina administrativa do governo” e quem ocupa o cargo é responsável pela interação e cobrança de resultado dos demais ministérios. “O Lula fará isso? Não, fará política”, enfatiza o ex-presidente E completa: "Se você nomeia um político para a Casa Civil, você vai fazer confusão entre a política e a administração. O chefe da Casa Civil tem que dizer não. O negociador político vai fazer os acordos e a administração vai sofrer".
Além de considerar “esquisito” e prejudicial à moral política brasileira um investigado da operação Lava-Jato assumir um ministério, FHC se preocupa com o destino da economia brasileira. Por declarações recentes, Lula deu a entender que o país precisava novamente de maior concessão de créditos e baixas taxas de juros, além de injeção do dinheiro do tesouro público para reaquecer o mercado. Um equívoco e um retrocesso, na opinião do tucano. “Lula é um político competente, mas sem nenhuma convicção econômica. Se seguir este caminho, a situação vai se agravar logo mais adiante ou vamos cometer os mesmos erros da Venezuela”, critica FHC.
De acordo com o FHC, o Brasil errou ao manter o modelo de crescimento baseado no consumo e no crédito fácil quando estourou a crise de 2008. A concessão de empréstimos públicos a taxas de juros abaixo do mercado secou o cofre da União e dificultou o desenvolvimento de projetos sociais importantes. “Ficamos sem crédito e sem a confiança do mercado”, diz FHC. Por isso, ele lista entre os quatro pontos chaves para a recuperação da economia brasileira, a abertura ao investimento privado, em um cenário de concessões e privatizações tendo o Estado um papel de regulador e incentivador do setor privado. O ex-presidente também entende que é importante uma regulamentação clara que dê confiança e atraia o aporte de empresas no país. Para completar os itens básicos para o crescimento, FHC salienta o investimento em conhecimento e tecnologia e na diversificação das matrizes energéticas.
Apesar de considerar que o país passa por três tipos de crises (financeira, política e moral), FHC acredita que o Brasil “não perdeu o bonde da história”. Ainda assim, salienta a importância de o governo não se fechar para o que acontece no mundo e se atualizar com o cenário globalizado da economia mundial. “As mudanças ocorrem quando há problemas graves, não dá para desanimar”, encoraja FHC. “Mas para isso é necessário a reconstrução dos canais de confiança”. E a nomeação de Lula, no entender de seu opositor político nas eleições de 1994 e 1998, não ajudará nesta missão.
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