CNI: competição desleal se tornou um grave problema para a indústria

Pesquisa aponta ainda preocupação do setor com alta carga tributária
O documento revela que está cada vez mais difícil para a indústria competir com a informalidade, contrabando e pirataria

Os empresários da indústria de transformação perceberam um aumento significativo da competição desleal em 2023. De acordo com a Nota Econômica 31, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no primeiro trimestre de 2021, a competição desleal foi citada por 10,4% dos empresários como uma dificuldade importante naquele momento. No terceiro trimestre de 2023, entrou para a lista dos três principais problemas ao ser assinalada por 20% dos empresários industriais. O documento revela que está cada vez mais difícil competir com a informalidade, contrabando e pirataria. A concorrência desleal só ficou atrás de dois problemas recorrentes: a elevada carga tributária, que foi o principal problema da indústria de transformação, com 37,5% assinalações, e demanda interna insuficiente, atestada por 31,2% dos empresários industriais. As taxas de juros aparecem em quarto lugar com 19,5%.

De acordo com o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo, entre os 22 setores analisados, a competição desleal ficou no topo do ranking para o setor de Produtos diversos, e como segundo maior problema para os setores de Vestuário e acessórios e Produtos de borracha. "As consequências desses problemas são perda de competitividade pela alta carga tributária, baixa procura por bens da indústria pela demanda interna insuficiente e dificuldades na obtenção de crédito e maior inadimplência pelas taxas de juros elevadas", avalia o economista.

A elevada carga tributária foi o principal problema para 14 dos 22 setores industriais analisados na pesquisa. Mas em três deles, o problema é bastante crítico. Nos setores de produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal, bebidas e impressão e reprodução, mais da metade dos empresários marcaram a carga tributária como sua principal dificuldade. Os setores de madeira e de produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal foram aqueles com as maiores variações na quantidade de respostas, com alta de 12,7 pontos percentuais entre o quatro trimestre de 2023 e o terceiro trimestre do ano passado. No segmento moveleiro, a variação foi positiva em 12,6 pontos percentuais no período e a preocupação do setor de couros e artefatos de couro aumentou 9,6 pontos percentuais.

A demanda interna insuficiente foi o principal problema oito setores (têxteis, couros e artefatos de couro, metalurgia, minerais não metálicos, equipamentos de informática, eletrônicos e óticos, máquinas e materiais elétricos, produtos de borracha e celulose e papel). Dos 22 considerados, 20 elencaram a demanda interna insuficiente dentre os três principais problemas. Ela só não figurou dentre os três maiores entraves para Vestuário e acessórios e bebidas. O problema dos juros elevadas não foi classificado como principal para nenhum dos setores, mas. mesmo assim, ainda prejudicam os setores da indústria de transformação. É ainda a segunda questão mais citada na indústria de veículos automotores e máquinas e equipamentos. A queda nas assinalações ocorre em sintonia com os consecutivos cortes na taxa básica de juros, a Selic.

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Quinta, 21 Novembro 2024

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