Bolha parece ter estourado no Brasil, diz Washington Post

Após a entrevista da presidente Dilma Rousseff ao jornal, o Washington Post fez um duro editorial no domingo (28), destacando o desafio da brasileira em sobreviver no poder por mais três anos e meio, em meio à crise que assola o p...

Após a entrevista da presidente Dilma Rousseff ao jornal, o Washington Post fez um duro editorial no domingo (28), destacando o desafio da brasileira em sobreviver no poder por mais três anos e meio, em meio à crise que assola o país e a queda de sua popularidade. O texto, intitulado "Um retrocesso no Brasil" afirma que, apenas dois anos atrás, havia a conclusão de que o Brasil tinha finalmente superado a ideia de que seria o "País do futuro". As exportações, principalmente para a Ásia, cresciam, a classe média estava aumentando e as descobertas de petróleo pareciam garantir a aceleração da economia. Em aparente confirmação de seu novo status, o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de futebol, no ano passado, e as Olimpíadas de 2016.

Os jogos do Rio de Janeiro ainda estão a um ano de distância, mas a bolha do Brasil já parece ter explodido, afirma o Washington Post. A economia está atolada em uma recessão que se aprofunda, graças à queda do petróleo e outras commodities. A Petrobras, por sua vez, protagoniza o maior escândalo de corrupção da história, com dezenas de empresários e mais de 50 membros do Congresso implicados em um esquema que envolve cerca de US$ 2 bilhões em propinas. Os investimentos alardeados em novos campos de petróleo foram reduzidos.

O mais preocupante, segundo o Post, é que esses contratempos têm provocado uma crise da democracia brasileira. O jornal afirma que Dilma se reelegeu com um discurso de que seu principal opositor, Aécio Neves, se submeteria a banqueiros e ao Fundo Monetário Internacional e, hoje, ressalta que o PT se opõe às correções econômicas da presidente. “A senhora Rousseff está impondo as mesmas medidas de austeridade tipicamente defendidas pelo FMI, incluindo cortes nos subsídios de energia”, reitera o jornal, que ressalta a importância de se tomar medidas liberalizantes para que os investidores voltem a ter confiança.

A presidente enfrenta agora o desafio de sobreviver no cargo e tentar governar por mais três anos e meio. "Não vai ser fácil: ela tem visto muito de seu poder efetivamente arrancado por líderes do Congresso, que vêm diluindo algumas de suas medidas de austeridade, enquanto o PT tem objeções frente à política de correção econômica, que vem revertendo parcialmente o curso estatista do seu primeiro mandato", diz o editorial.

"Mas o Brasil precisa de reformas mais liberalizantes. A corrupção da Petrobras foi em grande parte o produto de políticas equivocadas de Dilma, como tentar restringir seus fornecedores a empresas brasileiras. A presidente fez muito ao anunciar o acordo de investimentos no valor de US $ 53 bilhões com a China, incluindo US $ 7 bilhões em financiamento para a Petrobras. Mas para voltar a ser o que era antes, o Brasil precisa não apenas de cheques de Pequim, mas também a eliminação dos desincentivos aos investimentos privados nacional e estrangeiro. Sem eles, o futuro do Brasil permanecerá em suspenso", conclui o Washington Post.

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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