Apesar de impactadas, 64,2% das indústrias do RS manterão local de suas sedes
Uma consulta realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) com 220 empresas do setor, entre 23 de maio e 10 de junho, revela que 81% foram afetadas pelas inundações do mês passado, sendo que destas, 63% sofreram paralisação total ou parcial das suas atividades. A maioria (95%) das interrupções alcançou até 30 dias. "As enchentes foram catastróficas para o Rio Grande do Sul. Além do drama pessoal de quem perdeu familiares e viu suas casas serem invadidas pelas águas, a economia gaúcha também sofrerá um impacto imenso, cujo efeito deve começar a ser detectado nos próximos meses, e precisará de um tempo ainda incerto para se recuperar. Mas os primeiros sinais já aparecem, com a confiança e a expectativa dos industriais gaúchos desabando", afirma Gilberto Petry, presidente da entidade, ao analisar o resultado da consulta divulgada nesta quarta-feira (12).
O levantamento teve como objetivo entender o perfil das indústrias mais afetadas, avaliar a extensão e os tipos de prejuízos sofridos por elas e captar as perspectivas. O trabalho foi coordenado pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da Fiergs, que elaborou a consulta junto às indústrias. A consulta aponta que, entre os principais prejuízos decorrentes da catástrofe, os mais listados foram a logística utilizada para escoamento da produção ou recebimento de insumos, problemas com pessoal e colaboradores, além de dificuldades com fornecedores atingidos pelas enchentes. Além disso, 31,3% das que responderam informaram prejuízos em estoques de matérias-primas, 19,6% em máquinas e equipamentos, outros 19,6% nos estabelecimentos físicos e 15,6% em estoques de produtos finais. "É uma tarefa extremamente difícil reconstruir o Rio Grande do Sul, a economia tem de andar, e não está andando", ressalta Petry. Diante deste cenário grave, ele reforça a importância de serem tomadas medidas urgentes de apoio às empresas, que evitem demissões. Dentre as principais sugestões levadas pela indústria gaúcha estão a reativação de medidas emergenciais de manutenção do emprego, como o Benefício Emergencial (BEm), o Programa Emergencial de Suporte a Empregos (Pese), bem como o acesso rápido a crédito e capital de giro.
Apesar de impactadas, 64,2% das empresas consultadas não pretendem mudar o local de suas sedes e permanecerão na mesma área de instalação. Já 20,1% ainda não decidiram o que farão com o seu negócio. As principais medidas que incentivariam as empresas a retomar suas atividades no mesmo local incluem melhoria da infraestrutura, postergação ou anistia do pagamento de tributos e concessão de crédito subsidiado. A consulta detecta ainda que 52% das indústrias não possuíam cobertura de seguro contra perdas e danos decorrentes das enchentes. Entre as micro, pequenas e médias, 63,4% estavam sem seguro, enquanto cerca de 70% das grandes empresas, seguradas. Entre as sem seguro, 16% optaram por fechar seus negócios ou mudar de localização, em comparação com 13% das seguradas que tomaram decisões semelhantes.
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