Captação da poupança bate recorde para meses de agosto
Aplicação financeira mais tradicional dos brasileiros, a caderneta de poupança voltou a atrair o interesse dos brasileiros em meio à pandemia provocada pelo novo coronavírus. No mês passado, os investidores depositaram R$ 11,4 bilhões a mais do que retiraram da aplicação. A captação líquida é oito vezes maior que a de agosto do ano passado, quando os brasileiros tinham depositado R$ 1,3 bilhão a mais do que tinham sacado. O resultado de agosto é o maior já registrado para o mês desde o início da série histórica, em 1995. Com o resultado, a poupança acumula entrada líquida de R$ 123,9 bilhões no ano.
A aplicação tinha começado o ano no vermelho. Em janeiro e fevereiro, os brasileiros retiraram R$ 15,9 bilhões a mais do que depositaram. A situação começou a mudar em março, com o início da pandemia, quando os depósitos passaram a superar os saques. O interesse dos brasileiros na poupança se mantém apesar da recuperação da bolsa de valores nos últimos meses e da melhora das condições de outros investimentos, como títulos do Tesouro. Nos dois primeiros meses da pandemia, as turbulências no mercado financeiro fizeram investidores migrar para a caderneta.
Rendimento
Com rendimento de 70% da Selic, a poupança atraiu mais recursos mesmo com os juros básicos em queda. Com as recentes reduções, o investimento está rendendo menos que a inflação. Nos 12 meses terminados em agosto, a aplicação rendeu 2,9%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que serve como prévia da inflação oficial, atingiu 2,2%.
Até 2014, os brasileiros depositaram mais do que retiraram da poupança. Naquele ano, as captações líquidas chegaram a R$ 24 bilhões. Com o início da recessão econômica, em 2015, os investidores passaram a retirar dinheiro da caderneta para cobrir dívidas, em um cenário de queda da renda e de aumento de desemprego. Em 2015, R$ 53,5 bilhões foram sacados da poupança, a maior retirada líquida da história. No ano seguinte, os saques superaram os depósitos em R$ 40,7 bilhões. A tendência inverteu-se em 2017, quando as captações excederam as retiradas em R$ 17,1 bilhões, e em 2018, com captação líquida de R$ 38,2 bilhões. No ano passado, a poupança registrou captação líquida de R$ 13,2 bilhões.
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