Safra atual deve ser 5% menor do que a de 2023

IBGE estima colheita de 299,6 milhões de toneladas em 2024
A região Sul é responsável por 28,9% da produção nacional de grãos

A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve ser de 299,6 milhões de toneladas em 2024, segundo a estimativa de abril do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgada pelo IBGE. Isso representa uma produção 5,0% menor do que a obtida no ano passado (315,4 milhões de toneladas). Na comparação com a estimativa de março, houve um aumento de 0,4% ou de 1,2 milhão de toneladas. A produção de soja, principal commodity do país, cresceu 0,9% na comparação com o previsto em março e deve chegar a 148,3 milhões de toneladas. Essa quantidade equivale a uma retração de 2,4% na comparação com o total produzido no ano passado.

Os efeitos causados pelo fenômeno climático El Nino, caracterizado pelo excesso de chuvas nos estados da região Sul e falta de chuvas regulares com elevadas temperaturas no Centro-Norte do Brasil, trouxeram, como consequência, uma limitação no potencial produtivo da leguminosa em boa parte das unidades da federação produtoras. O destaque positivo ficou por conta do Rio Grande do Sul, como pontua o gerente da pesquisa. "Quando falamos da soja, mais especificamente do Rio Grande do Sul, há uma recuperação neste início do ano após um período de seca que afetou três safras. Já no verão de 2023 para 2024, choveu bastante, causando um aumento na produção da soja e do milho primeira safra. Portanto, a produção da soja está se recuperando quando olhamos para a estimativa feita em abril, analisando essa primeira parte do ano", avalia Carlos Barradas, gerente do LSPA.

A produção do milho, quando consideradas as duas safras, caiu 0,3% na comparação com o estimado no mês anterior e deve somar 115,8 milhões de toneladas em 2024, ficando 11,7% menor do que o produzido em 2023, uma queda de 15 milhões de toneladas. "A produção do milho no Brasil apresentou queda principalmente por conta do preço, que caiu muito e desestimulou seu plantio na segunda safra. Importante destacar também que o milho da primeira safra enfrentou problemas climáticos em alguns estados com poucas chuvas e muito calor. Uma das consequências, como já vínhamos destacando em outras divulgações, é que alguns produtores deixaram de lado essa produção para plantar algodão, o que também resultou em recordes de produção de algodão", lembra o pesquisador do IBGE.

Já a safra do arroz deve crescer 2% na comparação com o produzido do ano passado. A estimativa foi 0,3% maior em relação ao previsto em março, alcançando 10,5 milhões de toneladas. Juntos, a soja, o milho e o arroz respondem por 91,6% da produção de grãos no país. "Esse crescimento deve-se, principalmente, ao aumento na área plantada, que subiu 3,7%. O arroz é plantando durante a safra de verão e sofre uma concorrência muito grande com a soja, principal cultura brasileira. Como os preços do arroz subiram nos últimos meses, houve também um aumento de área plantada em detrimento da soja em algumas localidades. Isso ajuda a explicar o crescimento na produção do arroz em relação ao ano passado", destaca Barradas. O Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 28%, seguido pelo Paraná (13,4%), Rio Grande do Sul (13,3%), Goiás (10,6%), Mato Grosso do Sul (8,3%) e Minas Gerais (5,6%), que, somados, representaram 79,2% do total. Regionalmente, o Centro-Oeste (47,2%) lidera esse ranking, enquanto as demais regiões têm as seguintes participações: Sul (28,9%), Sudeste (9,2%), Nordeste (8,7%) e Norte (6%).

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Quinta, 21 Novembro 2024

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