Luiz Felipe D´Ávila ou a elite que madruga

Não vamos empolar um discurso que pode ser simples. Ora, dentro da narrativa enviesada do populismo do milênio, um achado pernicioso foi o de criminalizar as chamadas elites. No discurso leviano do governo – de absorção imediata por algumas camadas d...
Luiz Felipe D´Ávila ou a elite que madruga

Não vamos empolar um discurso que pode ser simples. Ora, dentro da narrativa enviesada do populismo do milênio, um achado pernicioso foi o de criminalizar as chamadas elites. No discurso leviano do governo – de absorção imediata por algumas camadas da sociedade –, o sujeito dito de elite é o anti-povo. É quase perverso. Ele se encastela em mansões de muro alto; veleja no Mediterrâneo; vem ao Brasil de visita e torce o nariz para os pobres que vê nos saguões dos aeroportos. O oposto desse ser caricato e odioso, é o militante. Dando nome aos bois, é o intelectual que, na surdina, vive às custas do Estado e, como contrapartida, rebate com uma produção medíocre, reverente e panfletária. Quando flagradas as falhas estruturais do modelo, na crueza do desemprego, da inflação e do virtual sucateamento do Estado, estes ainda se saem com sofismas. Pois negacear é seu ganha-pão. Denunciarão, então, conspirações e golpes. Urdidos por quem? Ora, pelas elites. O que eles não dizem, contudo, é que ela também é formada por uma gente cujo "ethos" não se conforma em ver o país sem norte nem prumo. É a elite que madruga.   

A exemplo do que se vê no mundo, o Brasil também conta com indivíduos que a dignificam. Gente que promove melhorias para a sociedade e, em todos os escalões, enseja a elevação de parâmetros de governança, logo de transparência. Empresários que, sensíveis às desigualdades que esfarelam o discurso demagógico e palanqueiro, sacrificam o convívio familiar para gerir hospitais e fundações. São lideranças discretas que promovem a cultura, no afã de fazer uma diferença no Brasil do amanhã. Ora, quem não sabe do apostolado de Antonio Ermírio na Beneficência Portuguesa? Em Recife, Ricardo Brennand se desdobra para construir museus e fomentar institutos de pesquisa na área da saúde. Em Sergipe, Paes Mendonça faz trabalho lapidar na Serra do Machado. Para esses indivíduos, seria até fácil preencher um cheque. Mas isso não lhes basta. A questão que se coloca, portanto, é saber identificar quem tem senso de urgência e constrói hoje um legado que lhe transcenderá o tempo de vida. Portanto, essa elite existe e alguns expoentes já maduros despontam com enorme capital político represado.    

Nesse contexto de agregadores, destacaria hoje a figura do cientista político, empresário e escritor Luiz Felipe D´Ávila, cujo cartel de realizações já é impressionante para quem tem pouco mais de 50 anos. Formado em Ciências Políticas pela Universidade Americana de Paris, há 25 anos lançou seu primeiro livro. De lá para cá, foram mais seis. Longe de se acomodar a uma situação típica dos chamados bem-nascidos, fundou as revistas "Bravo" – uma referência no mundo das artes –, e "República", considerada das melhores do mundo no ramo. Na sequência, trabalhou quatro anos como Superintendente da Abril e, de lá, foi fazer mestrado em Administração Pública em Harvard. De seus livros, o último foi o instigante "Caráter e Liderança: Nove Estadistas que construíram a Democracia no Brasil". Para coroar essa etapa, preside há seis anos o Centro de Liderança Política (CLP), onde capacita gestores públicos. Incansável, viaja de Brasil afora para falar às plateias mais variadas sobre boas práticas de gestão e criatividade. Ademais, tem portas abertas na Harvard Kennedy School onde leva os alunos do CLP para aperfeiçoamento sistemático. 

Sem nenhum medo de incorrer em bazófias, afirmo que Luiz Felipe D´Ávila tem a melhor agenda de contatos do Brasil, graças à qual congrega atores vitais em torno de ações concretas e programáticas. Dela constando, inclusive, ex e futuros integrantes do primeiro escalão da Casa Branca e do Departamento de Estado. Conectado globalmente, anima um "think tank" onde têm assento embaixadores eminentes como Rubem Barbosa e Sérgio Amaral, junto com Nick Burns e Anja Manuel – personalidades de ponta na formulação de políticas de alcance planetário. Do lado da Europa, a rede não é menos impressionante. Ainda semana passada, falava em Portugal e publicou um artigo no "El País". Dono de um discurso afiado quanto a nossos cacoetes mais enraizados – um deles reza que o Brasil é o país da "meia-entrada", vício que onera sobremodo o financiamento da máquina pública porque todos almejam levar um naco de vantagem do erário e, logo, o prejuízo será socializado –, Felipe comunica com clareza as teses que lhe são caras e é interlocutor contumaz dos maiores nomes da política brasileira, a começar por Fernando Henrique Cardoso. Contudo, não é filiado a qualquer partido político, até por conta da isenção do CLP. 

No plano pessoal, é movido a disciplina férrea. Cobrador implacável de si próprio, poucos imaginam que já esteja de pé antes do raiar do sol. Faz ginástica, escreve, medita e o alvorecer o encontra pronto para encarar o mundo. Pode rodar três estados em um só dia e seguir para o exterior na mesma noite. "Estadista sem Estado", se inscreve na melhor tradição de pensadores independentes que se engajam a ferro e fogo no que se propõem a fazer. Desportista e músico, sabe por experiência o valor da perseverança e do quanto o exemplo pessoal é fundamental na vida do líder. É esse afã de ver acontecer que lateja por trás das iniciativas mais diversas. Do núcleo criador da Casa do Saber ao investimento em energia renovável, nada lhe fica indiferente. Da produção de café "premium" ao assento em alguns de nossos mais notáveis Conselhos de Administração, para tudo ele arranjará tempo. Isso porque, como alguns dos aqui aludidos, é movido pela crença de que cabe à elite botar a mão na massa e travar o bom combate – missão última que lhe assiste na tessitura da História. Ou, pragmaticamente falando, ele é da linha do "walk your talk", como dizem os americanos. Daí exalar coerência.   

Ferindo por minha conta e risco o cânone da discrição que lhe é próprio, e embalado por uma ação que engaja uma visão pessoal do panorama político atual, passa da hora de Luiz Felipe atuar num palco maior do proscênio político de Brasília. Ora, nosso país está depauperado de lideranças novas, na contramão do que se vê acontecer em democracias maduras. Nesse contexto, sabendo do senso de missão que move o experiente Michel Temer e sua equipe de próximos – o chamado "núcleo duro" –, vejo chegada a hora de se dar ao Brasil o vislumbre das lideranças do amanhã. Tanto melhor que abrigadas pela rodagem dos mais calejados nessa estrada. Afinal, embarcamos numa onda má, que se arrasta desde a última eleição presidencial e nos levou a um impasse paralisante. Se é uma atuação mais institucional o que Luiz Felipe almeja, não saberia dizer. Melhor perguntar a ele. Na verdade, longe do país desde a votação da Câmara, me deixo guiar pela intuição e pelos bons propósitos. Que o Brasil não desperdice o dínamo criativo dessas lideranças. Era isso o que, se pudesse, diria a Michel Temer. Converse com Felipe, Excelência. Quem o ouvir, ficará bem impressionado e renovará a crença em nosso malbaratado destino. 

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Quarta, 11 Dezembro 2024

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