Transformando um bug em sucesso
O case a seguir faz parte do livro “Paraná – Grandes Marcas”, publicado pelo Instituto AMANHÃ.
O ano era 1999. A internet já mostrava sua força e alastrava-se por todos os computadores do mundo, em um processo que se provou irreversível. Mas uma grande preocupação pairava sobre todos os mercados e operações ligados à tecnologia. A ameaça atendia por um nome: o bug do milênio. As previsões mais catastróficas indicavam que o mundo poderia entrar em colapso, com indústrias, serviços, transportes e finanças totalmente desorganizadas de uma hora para outra. Tudo porque os computadores produzidos no século 20 convencionaram armazenar apenas os dois últimos dígitos do ano – o que poderia fazer com que o ano 2000, que se aproximava, fosse interpretado como 1900.
Mas é nos cenários de maior incerteza que as melhores ideias prosperam. Naquele ano, nasceu a Pelissari, empresa que passou a implementar o ERP – Enterprise Resource Planning – o Sistema de Gestão da alemã SAP, em substituição aos sistemas antigos, passíveis de falha na virada do milênio. “Foi um pânico geral entre as empresas”, lembra, agora com tranquilidade, o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Pelissari, Valdinei Santana. Passado o desafio, a empresa baseada em Curitiba prosperou.
“O crescimento da Pelissari foi marcado pela rédea curta”, explica Santana, ao lembrar que o desenvolvimento da empresa foi contido para garantir a qualidade das entregas. Como a implementação de sistemas de gestão empresarial é uma combinação entre conhecimentos técnicos e de negócio, desde o início a quantidade de profissionais era balanceada entre especialistas em gestão e especialistas em tecnologia. Os primeiros clientes foram do Paraná, mas a qualidade do trabalho logo trouxe clientes de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e interior de São Paulo. Foi nesse período que a empresa ampliou o portfólio de serviços, passando dos pequenos ajustes em sistemas de gestão para grandes projetos nas áreas de atuação de seus clientes. Hoje, o portfólio da Pellissari é muito amplo, incluindo venda, implantação e sustentação de tecnologias para suportar os processos de negócio.
A evolução também levou a Pelissari a ampliar suas operações físicas. Além da matriz curitibana, com mais de 300 colaboradores, a filial de Joinville foi inaugurada em 2008, e já conta com mais de 50 funcionários – levando a Pelissari a operar com mais de 430 colaboradores. Seu crescimento médio de 25% na receita nos últimos anos chamou a atenção da Cast Group. A integradora 100% nacional de soluções de TI, que busca chegar a um faturamento de R$ 1 bilhão até 2021, viu na Pelissari uma operação fundamental aos seus objetivos e adquiriu a companhia paranaense em 2017.
Diferenciais pela liderança
Com foco na resolução do problema do cliente de maneira completa, respeitando o seu nível de maturidade de gestão, a Pelissari costuma apresentar três níveis de abordagem: ganhos de produtividade, ganhos de competitividade e transformação dos negócios. No primeiro caso, a empresa ajuda seus clientes a reduzir custos fazendo mais com menos. No segundo, a intenção é fazer com que os clientes atendam aos requisitos da Indústria 4.0, tornando-os mais competitivos perante a concorrência. No último patamar, a Pelissari chega a propor novos modelos de negócio – por exemplo, agregando serviços aos produtos. “Nos três níveis são entregues novas capacidades para inovação, quer sejam de processos, de foco de atuação ou de modelo de negócio. O diferencial da Pelissari está na sua capacidade de coinovar junto com o cliente, colaboradores e parceiros”, explica a diretora de Desenvolvimento Organizacional da empresa, Vanessa Lisboa.
A Pelissari atua em setores que necessitam de integração e padronização dos processos de negócio com forte foco em logística (manufatura). Tal nível de customização coloca a empresa na liderança em seu segmento alvo, fazendo com que as maiores companhias do Paraná que utilizam tecnologias SAP sejam seus clientes. Em geral, são players do ambiente industrial de transformação de produtos, insumos e componentes em outros produtos e serviços com maior valor agregado. Entre o rol de grifes que se valem da expertise da Pelissari, grandes marcas como Renault, Tigre e Marcopolo. O know-how da empresa também se estende aos setores da indústria de alimentos e de produtos de consumo, focando a produtividade e a competitividade a partir de melhores práticas logísticas que envolvem processos como planejamento de rentabilidade, previsão de vendas, planejamento de produção, planejamento de materiais, gestão de estoques, gestão de suprimentos, gestão da qualidade, gestão da manutenção e análises gerenciais de margens e rentabilidade.
Coinovação com clientes, colaboradores e parceiros é a frente de atuação da empresa. A sua fusão com o grupo Cast ampliou, significativamente, o portfólio de soluções da Pelissari, tornando o grupo um fornecedor completo para a Indústria 4.0. O foco da companhia são duas linhas de pesquisa para inovação: Indústria 4.0 e CSC (Centro de Serviços Compartilhados). A Pelissari está inovando para atender aos requisitos da quarta revolução industrial, na qual as fábricas passam a atender os clientes de forma individual, com alto grau de automação em processos, agregando inteligência nos produtos e gerando novos modelos de negócio. Para os CSCs, a Pelissari está trabalhando com tecnologias inovadoras para aumentar a produtividade da operação administrativa. Os robôs já não estão somente no chão de fábrica, mas também automatizando processos administrativos. É o caso da tecnologia RPA (Robot Process Automation), que tem o potencial para substituir pessoal administrativo, ou atuar como assistente inteligente nos escritórios. Para dar conta da inovação necessária, a Pelissari mantém parcerias com startups e pequenas empresas de tecnologia para agregar valor às fábricas e aos CSCs de seus clientes. Nos CSCs, a visão é desenvolver práticas de economia colaborativa, chegando ao ponto de disponibilizar uma plataforma para que os clientes possam compartilhar recursos entre si.
Marca de gestão e responsabilidade
Desde sua fundação, a Pelissari mantém um estilo de atuação. Diretores e gestores se reúnem periodicamente com os parceiros de negócio e clientes, sem intermediários, buscando conhecer suas necessidades e comunicar políticas e estratégias da empresa em um processo de validação constante – o que gera credibilidade. Métodos de gestão como este foram testados e aprimorados, dando origem ao SGP – Sistema de Gestão Pelissari –, que consolida todas suas políticas, processos, procedimentos e instruções de trabalho.
Mas a preocupação da empresa não se limita ao público interno. Por meio de ações voltadas à responsabilidade social e ambiental, a Pelissari busca capacitar e desenvolver a comunidade, sobretudo compartilhando conhecimentos. “Fazemos isso através de projetos onde aplicamos nosso conhecimento de gestão e tecnologia em ambientes e comunidades carentes, promovendo o empoderamento e o desenvolvimento”, explica Santana. Entre as iniciativas, o projeto Líder Especial, com foco em liderança, o Programa Bom Aluno, além de projetos de Capacitação em Gestão, com ações realizadas a partir da matriz da empresa, em Curitiba – sempre incentivando a participação dos colaboradores das filiais. Com o apoio do Rotary Club de Joinville, a empresa participa de um projeto de incentivo à reciclagem na coleta de lacres de latas de alumínio para troca por cadeiras de rodas.
Tal abordagem humana é refletida na identidade visual da empresa, cujo logotipo, inspirado em um botão que liga computadores, traz um ser humano – ao invés do tradicional sinal digital. “O fator humano é mais importante na prestação de serviços do que a tecnologia em si. São as pessoas que fazem a diferença na implementação e utilização de novas tecnologias”, explica Vanessa, revelando, talvez, o maior segredo para o sucesso da Pelissari.
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