O que fez os preços das ações da Vale e do minério de ferro se descolarem
As ações da Vale (VALE3; VALE5) historicamente andam de mãos dadas com a cotação do minério de ferro. Quando a commodity cai na China, naturalmente, a ação da mineradora recua na Bovespa e o mesmo ocorre na mão inversa. Isso porque o minério de ferro é o principal produto da exportadora e qualquer variação no preço inevitavelmente impactará sua receita. No mês de maio, no entanto, a correlação entre os dois ativos perdeu força. Isso porque as ações ordinárias da Vale caíram 11% e as preferenciais recuaram 7,5%, enquanto o preço do minério de ferro entregue no porto de Qingdao subiu 11% no mês passado.
Mas o que explica esse descolamento? Segundo o analista Lauro Vilares, da Guide Investimentos, o movimento ocorreu para que os preços se ajustassem, dado que a Vale subiu muito mais do que a commodity em abril. Enquanto a mineradora (VALE5) subiu 22%, o minério avançou "apenas" 9%. Então, nos últimos três meses as ações preferenciais da Vale caíram 3,6% e o minério, 0,6%, performances bem parecidas. “Entendo o mês passado como um retorno à normalidade depois de um abril bem melhor para as ações da mineradora", comenta Villares.
Além disso, analistas de mercado vêm apontando que os preços da commodity não devem se sustentar em patamar tão elevado e que o normal é que as ações se ajustem. "O cenário ainda é de queda de preços. Acredito que após vários relatórios de analistas apontando nessa direção, o preço da ação sucumbiu às especulações e voltou à realidade", disse o analista independente Pedro Galdin, do blog What's Call.
Segundo a ANZ apontou no início de maio, os preços do minério são vistos operando em uma faixa de US$ 50 a US$ 60 a tonelada nos próximos 12 meses. Hoje, são cotados a US$ 61,85. Ou seja, a probabilidade de uma arrancada é baixa, dado que os preços devem permanecer sob pressão enquanto expansões de suprimento de oferta de baixo custo ofuscam cortes de pequenas mineradoras. Em relatório desse mês, o UBS escreveu que os preços serão, em média, de US$ 50 este ano. “O viés é de baixa e o preço da ação vai repercutir isso mais cedo ou mais tarde", reforça Galdi.
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