O Paraná quer colocar Bituruna no mapa da vitivinicultura mundial

O Sebrae está colaborando para a região obter o registro de Indicação Geográfica
Michele Bertoletti representa os produtores de vinho da cidade que estão em busca da certificação

Com a crise do coronavírus pequenos empreendedores rurais do Paraná têm buscado maneiras de valorizar e fortalecer a comercialização. Neste novo cenário, o Fórum Origens Paraná pela sua mobilização em torno de marcas coletivas, produtos típicos do estado e apoio em projetos que buscam o reconhecimento como Indicações Geográficas (IGs), vem atraindo mais interessados.

Criado pelo Sebrae/PR em 2018, o grupo reuniu 59 pessoas em seu último encontro em maio e tem trabalhado em ações de estímulo a vendas e de valorização de produtos regionais. Além dos produtores rurais, os encontros reúnem representantes do Sebrae, Secretaria Estadual de Abastecimento do Paraná (SEAB), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Ministério da Agricultura, Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), Adetur, universidades e outras instituições e chefs de cozinha. "Tivemos uma grande adesão nos últimos meses. Em um momento difícil como esse é importante que os envolvidos nesta cadeia se unam e encontrem maneiras de diversificar, potencializar seus negócios e valorizar suas marcas", afirma a coordenadora estadual de agronegócios do Sebrae/PR, Maria Isabel Guimarães. Informações sobre o movimento podem ser acessadas no portal do Origens Paraná.

Potenciais IGs
O Sebrae/PR está colaborando para a seleção de novos produtos com potencial de obter o registro. Em um primeiro momento foram identificados 23 produtos típicos de diferentes regiões do estado. Alguns deles já participam do Origens Paraná e iniciaram o planejamento em busca do registro. Para facilitar a identificação de novos produtos em potencial, o Origens Paraná criou um formulário online para que produtores de uma determinada região possam saber se possuem as características necessárias para pleitear uma Indicação Geográfica.

O coordenador do Fórum Origens Paraná, Helinton Lugarini, explica que esse é um primeiro passo na estratégia pela busca do registro. "Queremos apoiar esses produtores para que possam desenvolver os projetos e buscar as IGs conforme suas particularidades. Além disso, exploramos novos canais para que possam desenvolver seus negócios e potencializar vendas de acordo com o momento atual e as necessidades do mercado", explica Lugarini.

Entre os novos participantes do Fórum estão os produtores de vinho de Bituruna, no Sul do estado. As uvas da região são produzidas a uma altitude de quase 1.000 metros, com amplitude térmica alta e solos férteis. Por conta de suas características, a Associação de Produtores de Uva e Vinho de Bituruna (Apruvibi) recebeu o apoio de uma equipe do Sebrae que estudou a produção local. A partir de uma avaliação técnica do produto, iniciaram-se os primeiros trabalhos para a obtenção do registro. A presidente da associação, Michele Bertoletti Rosso, participou dos encontros do Origens Paraná e está otimista. "Com o apoio do Sebrae pudemos dar sequência no nosso trabalho, nos aprofundar e unir forças em torno do tema. Queremos buscar uma IG para fortalecer a nossa marca, valorizar a qualidade do nosso vinho e colocar Bituruna no mapa da vitivinicultura mundial", explica ela. No início de maio, o INPI deu o registro para os vinhos e espumantes produzidos na Campanha Gaúcha, como noticiou o Cepas & Cifras.

Indicações Geográficas
O Paraná possui oito produtos com registro de IGs: a erva-mate de São Mateus do Sul, o café do Norte Pioneiro, a goiaba de Carlópolis, o mel do oeste do Paraná, o queijo de Witmarsun, o melado de Capanema, a uva de Marialva e o mel de Ortigueira. Outras quatro já foram protocoladas no INPI: a cachaça de Morretes, as balas de banana de Antonina, o barreado e a farinha de mandioca do Litoral.

Uma IG é considerada um bem coletivo conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, com valor intrínseco e identidade própria. O registro distingue os produtos dos similares disponíveis no mercado por sua qualidade, especialidade e tipicidade. O INPI é a instituição que concede o registro e emite o certificado.

As Indicações Geográficas podem ser na modalidade Indicação de Procedência (IP) ou Denominação de Origem (DO). São registros diferentes, não possuem uma hierarquia ou ordem de solicitação e, normalmente, são representados nos produtos por um selo. O registro de Indicação de Procedência garante a tradição histórica da produção em certa região geográfica. Já a Denominação de Origem indica propriedades de qualidade e sabor que são ligadas ao ambiente, meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos, onde é produzido e aos processos e tecnologias utilizados.

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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