O mundo não vai esperar pelo Brasil
No atual governo, o setor externo continuará a apresentar minguados resultados. Teremos uma continuidade em todas as frentes e a politica exterior deverá permanecer com a baixa prioridade de que gozou no primeiro governo Dilma. A politica externa do PT acabou com o equilíbrio entre a defesa de princípios permanentes e de interesses nacionais. Na região, assumiu uma agenda que não é a nossa e, por isso, a ação do Itamaraty se tornou passiva e reativa, deixando o Brasil a reboque dos acontecimentos. Prevaleceram as afinidades ideológicas e a paciência estratégica que prejudicaram o processo de integração regional e paralisaram o Mercosul. No concerto das nações, nos últimos quatro anos, o Brasil baixou sua voz e reduziu sua contribuição nas grandes discussões internacionais.
Esse é o pano de fundo no qual se desenrolará a ação externa brasileira ao longo deste ano. Caso esse quadro se materialize, a agenda encontrará o Brasil na defensiva e com pouca iniciativa. O Ministério das Relações Exteriores deverá enfrentar três grandes desafios: os problemas internos de gestão; o desprestígio do Itamaraty; e o desaparecimento do Brasil no cenário internacional. A prioridade absoluta do segundo mandato da presidente Dilma será a economia – a busca da estabilidade econômica para permitir a volta do crescimento, a redução da inflação e a retomada dos investimentos. Mas o mundo não vai esperar pelo Brasil.
Resta mencionar alguns dos acontecimentos mais importantes em que o Brasil deveria ter uma participação significativa. Primeiro, a presidência do Mercosul neste primeiro semestre. O setor privado espera ações concretas de Brasília para que o bloco saia do isolamento nas principais negociações internacionais. Outro é a visita de Estado da presidente Dilma aos Estados Unidos agendada, agora, para 30 de junho. O encontro foi marcado na Cúpula das Américas, onde Dilma se encontrou com Barack Obama. Depois de dois anos de estagnação – em decorrência dos problemas gerados com a divulgação da espionagem promovida pela NSA –, espera-se que o relacionamento bilateral entre os dois países retorne à normalidade. Há, ainda, a negociação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que se arrasta nos últimos 12 anos – espera-se que o governo brasileiro lidere essas negociações para retirar o Brasil do isolamento; e a renovação do Protocolo de Kyoto, no final de 2015. Como se vê, a missão não será fácil.
*Presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp e ex-embaixador.
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