Infomoney vê ações da Gerdau como “o tiro certo que deu errado”
A Gerdau (foto), que se diferencia das demais siderúrgicas listadas na Bovespa (Usiminas e CSN), por conta de sua forte exposição aos Estados Unidos, era vista no começo de 2015 como a única ação a conseguir escapar das expectativas cada vez piores para o setor, que sofre com a forte queda da demanda. A ação, no entanto, vem desapontando na bolsa: os Estados Unidos não têm conseguido dar um brilho a mais nas projeções para a empresa, ao passo que o Brasil segue pressionando mais, negativamente.
Atualmente, o papel da maior empresa do sul, segundo o ranking GRANDES&LÍDERES – 500 MAIORES DO SUL publicado por AMANHÃ em parceria com a consultoria PwC, é negociado abaixo de R$ 9. O valor é bem distante dos R$ 11 atingidos em março, no ponto máximo marcado este ano. Com a derrocada de lá para cá, as ações já acumulam queda de 11,16%. Nos últimos três meses, os papéis já se desvalorizaram 25%, sendo cotados no fechamento de quarta-feira (10) a R$ 8,41 – o menor patamar desde dezembro do ano passado. "Nosso call [opção de compra de uma ação] com Gerdau não tem dado certo", confessa o BTG Pactual em relatório recente. O banco tem recomendação de compra na ação. Mas mesmo com a queda, os analistas Leonardo Correa e Caio Ribeiro insistem na compra, dado que para eles a ação parece atrativa abaixo dos R$ 9. Atualmente, a ação é negociada a seis vezes o Ebitda e é a menos alavancada do setor.
O patamar atual do papel pode estar barato, mas a decisão de segurar a ação nesse momento não deixa de ser difícil, comentam os analistas. "Ainda preferíamos a 'normalização da história' em nossa cobertura. Reconhecemos que nosso apelo mais otimista para a Gerdau não tem jogado fora as expectativas recentes". Eles próprios ponderam que a demanda de aços longos – produto usado pela Gerdau – já cai 10% no ano, contra premissa mais conservadora do BTG de queda de 13% para o ano inteiro. “Não vemos grandes esperanças de evolução, mesmo que o pacote de concessões anunciado nesta semana pelo governo possa trazer alguma melhora no curto prazo, dado que a crise no setor de bens de capital está perto dos níveis de 2008 e 2009”, comentam Correa e Ribeiro. A linha que seguiu o BTG não é muito diferente da apontada pelo Credit Suisse, em relatório de quarta-feira (10), que revisou o case de investimento na Gerdau, deixando bem claro o cenário. "Estados Unidos estão muito bem, mas o Brasil segue pressionando {negativamente}", alerta o Credit.
O Credit Suisse tem recomendação neutra para a ação e cortou agora o preço-alvo de R$ 12 para R$ 10. No relatório, os analistas comentam que o papel já caiu 35% nos últimos 12 meses e a impressão inicial é de que se forem considerados o programa de corte de custos implementado pela Gerdau, alocação de capital e a exposição aos Estados Unidos, os múltiplos "teoricamente" estariam atrativos. No entanto, quando se observam de perto os detalhes, se percebe que a história não é bem assim. "O que fica claro é que o preço está baixo em função das projeções de ganhos também fracos", argumentam Ivano Westin, Renan Criscio e Santiago Perez Teuffer, do Credit.
Segundo eles, a projeção de lucro líquido da companhia para este ano deve desapontar e, olhando para 2016, a probabilidade de os números se materializarem parece cada vez mais baixa. Os analistas lembram que a Gerdau pode ser um ótimo negócio quando todas as regiões do mundo entregam uma boa performance simultaneamente, mas o momento macroeconômico difícil no Brasil deve pressionar {negativamente} os resultados do segundo semestre deste ano e do próximo. Na próxima sexta-feira (12), a companhia receberá investidores em Nova Iorque para o "Investor Day". Eles aguardam que o guidance [perspectiva] para o mercado seja de redução de custos em todas as unidades, enquanto o Capex [investimentos em bens de capital] pode ser revisado para baixo caso a trajetória de deterioração continue. Para eles, a empresa deve direcionar os esforços para os desinvestimentos e priorizar a geração de caixa, enquanto, na parte operacional, deve priorizar a operação nos Estados Unidos, que deve entregar um crescimento de 2,4% na comparação anual em volumes. Já a operação brasileira poderá amargar uma queda de 13% nas vendas domésticas. Resta, agora, aguardar os futuros números da empresa, enquanto o "brilho" que viria com sua exposição aos Estados Unidos segue se perdendo em meio à deterioração recente {do ambiente econômico} no Brasil.
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