Gerdau prevê melhora para o segundo semestre de 2017

Ainda que os números do primeiro trimestre deste ano tenham sido piores do que igual período de 2016, a comparação com o último trimestre já acena com alguma melhora para a Gerdau (veja os principais indicadores na tabela ao final desta reportagem). De acordo com o CEO da empresa, André Gerdau Johannpeter, há expectativa de evolução da demanda por aço nos principais mercados atendidos pela companhia. “No Brasil, acreditamos em uma evolução gradual do mercado a partir do segundo semestre. Na América do Norte, a expressiva entrada de aço importado segue impactando a rentabilidade do setor, mas as perspectivas de crescimento do mercado são positivas, tendo em vista a implantação de novas medidas de Trump que podem impulsionar a demanda nos setores da construção não-residencial e industrial“, detalha Johannpeter. Também nos Estados Unidos, a expectativa é de estabilidade do segmento automotivo e retomada do segmento de óleo e gás. Já na América do Sul, a economia dos mercados atendidos pela Gerdau devem apresentar diferentes níveis de crescimento. Destaques para o crescimento do PIB do Peru (+3,5%), da Colômbia (+2,3%), da Argentina (+2,2%) e do Chile (+1,7%). No segmento de aços especiais, há previsão de melhora do setor automotivo no Brasil, principalmente pela expansão das exportações. 

Durante a coletiva, Johannpeter defendeu que o governo restitua os tributos não recuperáveis já pagos no consumo de elos anteriores da cadeia produtiva, através do mecanismo do Reintegra, elevando a alíquota atual em 3 pontos percentuais(dos atuais 2% para 5%). Segundo Johannpeter, a correção permitirá o aumento imediato das exportações, mantendo o nível de arrecadação tributária e criará mais de 400 mil novos postos de trabalho e injetará aproximadamente R$ 45 bilhões na economia. “Esperamos que o nosso pleito seja atendido logo. Isso é importante para que a indústria da transformação e outros setores consigam rentabilidade na exportação. Por vezes, exportar não dá uma margem de rentabilidade boa, mas é preferível continuar com o negócio para manter unidades fabris funcionando”, declarou. Anualmente, cerca de 40% do faturamento da Gerdau é proveniente do comércio exterior. 

Evento extraordinário
O lucro líquido da Gerdau – a maior empresa da região Sul, segundo o ranking GRANDES & LÍDERES – 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ com consultoria da PwC – foi influenciado por um evento extraordinário, relativo à reversão da provisão para contingência referente à exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições para o PIS e a COFINS, constituída de 2009 a 2016. Essa reversão foi baseada na conclusão do julgamento pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu pela inconstitucionalidade da inclusão do imposto na referida base de cálculo, e está amparada pelo posicionamento dos assessores jurídicos da companhia de que a probabilidade de perda nas ações em curso passou a ser remota a partir da decisão do STF. Assim, o efeito líquido dessa reversão e de outras provisões no resultado da fabricante de aço no trimestre foi de R$ 858 milhões. A Gerdau enfatiza, contudo, que, existe a possibilidade de o STF entender que é necessário aplicar o mecanismo da modulação a essa decisão, a qual é utilizada para determinar os efeitos temporais de uma decisão de inconstitucionalidade. Caso o STF aplique o mecanismo da modulação, limitando os efeitos da decisão no tempo, poderá ser necessária uma reavaliação do risco de perda associado às referidas ações, com a consequente necessidade de constituição de novas provisões sobre esse tema no futuro.