Dólar cai e Ibovespa inicia semana em alta após protestos
O Ibovespa fecha em alta nesta segunda-feira (16), seguindo a tendência das bolsas internacionais com expectativas de estímulos na China. O petróleo que caía forte pela manhã amenizou perdas e trouxe uma pressão menor às ações do setor energético ao redor do mundo. No cenário doméstico seguiu preocupando o quadro político, especialmente depois das manifestações que levaram uma multidão às ruas pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) neste domingo (15). O benchmark fechou em alta de 0,52%, a 48.848 pontos. Foi apenas a segunda alta em nove pregões. Vale lembrar ainda que o dia foi de vencimento de opções sobre ações. Ao mesmo tempo, o dólar comercial viu uma leve desvalorização de 0,14%, a R$ 3,2445. O total do volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 7,7 bilhões. Já o exercício de contratos de opções sobre ações movimentou, hoje, R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 1,3 bilhão em opções de venda e R$ 804,2 milhões em opções de compra.
Em relatório, a XP Investimentos afirma que a queda de popularidade de Dilma faz crescer a oposição da base governista no Congresso, dificultando a implementação de medidas de ajustes fiscais para retomar a credibilidade do Brasil. Contudo, para o analista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, o impacto do cenário político nesta segunda foi limitado e o movimento da Bolsa teve muito mais a ver com a volatilidade natural de um pregão com vencimento de opções. Já pela manhã ele previu que o movimento do índice só iria se consolidar durante a tarde após o vencimento. Foi o que se viu e o Ibovespa passou a subir perto do fim do pregão.
No cenário doméstico, o relatório Focus voltou a reduzir a previsão de crescimento do PIB de uma retração de 0,66% para uma mais forte, de 0,78%. Essa foi a 11ª diminuição de perspectiva para o desempenho da economia brasileira consecutiva. O cenário para a inflação também piorou, saindo de um avanço de 7,7% para um de 7,93% (veja mais detalhes aqui - http://www.amanha.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=8572:mercado-preve-inflacao-de-quase-8-e-nova-queda-para-o-pib&catid=35:home-2&Itemid=135). Em meio a tudo isso, o ministro Joaquim Levy participou de um encontro na Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Segundo Levy, a desvalorização das commodities e ajustes no dólar são decorrentes do fim de políticas anticíclicas nos Estados Unidos e na China. De acordo com o ministro, a presidente Dilma está "absolutamente tranquila e confortável em relação às medidas que estão sendo adotadas". Vale ressaltar que o ministro Levy nunca mencionou tantas vezes, como fez nesta segunda, o nome da presidente Dilma nos seus discursos anteriores. " É claro que algumas medidas têm de ser consultadas ao maior sócio do governo, que é o Congresso", declarou (leia aqui mais declarações de Levy - http://www.amanha.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=8573:ajustes-sao-necessarios-porque-mundo-mudou-diz-levy&catid=35:home-2&Itemid=135).
Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,25, +1,2%; PETR4, R$ 8,46, +1,9%), subiram após notícia de que fundos de hedge dos Estados Unidos aumentaram posição na empresa. A estatal, no entanto, ainda não tem prazo definido para a divulgação do seu balanço auditado de 2014. "A Petrobras reafirma que, conforme divulgado no dia 12 de março, continua trabalhando para divulgar as demonstrações contábeis auditadas do ano de 2014 o mais breve possível. No entanto, ainda não há data definida para a divulgação", afirmou a companhia em nota. Os papéis da Vale (VALE3, R$ 18,90, +0,1%; VALE5, R$ 16,43, -0,3%) viram valorização durante a maior parte do dia por conta do cenário chinês, mas fecharam entre perdas e ganhos. O gigante asiático é o principal mercado consumidor para o principal produto exportado pela mineradora, o minério de ferro. Após terem sido fortemente beneficiadas pela disparada do dólar nas últimas semanas, as ações das exportadoras caíram com o respiro da moeda americana nesta segunda. Entre as quedas apareceram os papéis das siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 10,74, -1,3%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 11,50, -1,9%), além das ações do setor de papel e celulose como Klabin (KLBN11, R$ 17,77, -3,3%), Fibria (FIBR3, R$ 40,25, -3,2%) e Suzano (SUZB5, R$ 13,83, -3,1%). No radar ainda, as ações da Klabin tiveram recomendação cortada para “market perform” (desempenho em linha com a média) pelo Itaú BBA, com preço-alvo de R$ 12 por ação. A Fibria também foi cortada pela corretora para recomendação “market perform”, com preço-alvo de R$ 46.
Estímulos na China
As bolsas asiáticas registram alta na sessão desta segunda, com destaque para os índices chineses. Xangai teve alta de 2,2%, com o aumento das expectativas de que a China adotará um novo pacote de estímulos à economia. O primeiro-ministro do país, Li Keqiang, declarou que Pequim tem muito escopo para impulsionar a segunda maior economia do mundo. Os dados fracos sobre inflação nos Estados Unidos na sexta-feira (13) não conseguiram descarrilar as expectativas de que o Federal Reserve apertará a política monetária. Por isso, as ações norte-americanas caíram por preocupações acerca do impacto dos juros mais altos e de um dólar mais forte sobre os lucros de empresas. O S&P 500 registrou sua terceira semana consecutiva de queda, embora tenha ficado apenas 3% abaixo da máxima recorde marcada no começo de março. O foco principal de investidores nesta semana está na reunião de dois dias do Fed que começará nesta terça-feira (17). Após meses consecutivos de fortes dados de empregos, as expectativas têm aumentado de que o BC americano sinalizará uma alta dos juros em junho, descartando uma promessa de ser "paciente" ao considerar tal medida.
*Com Reuters
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