China derruba Bolsa ao menor nível desde 2009
Depois de desabar 6,5% na mínima do dia, o Ibovespa se recuperou e fechou em queda de 3,03%, a 44.336 pontos. Assim, a bolsa volta ao seu menor fechamento desde 7 de abril de 2009. Foi também a maior queda do ano, superando os 2,9% de 2 de janeiro. A falta de uma indicação de que a China pretende conter as desvalorizações do yuan e a desaceleração da economia com estímulos após o sell-off de sexta passada produziu um dia de pânico nos mercados. Com isso, as cotações das commodities recuaram às mínimas em 16 anos.
No cenário interno o mercado avaliou os desdobramentos da crise política depois que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, pediu a investigação da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT). O volume negociado neste pregão foi de R$ 8,1 bilhões. O dólar comercial subiu 1,6% a R$ 3,5525 na venda, ao passo que o dólar futuro para setembro avançou 1,5% a 3.562 pontos. Os índices norte-americanos Dow Jones e S&P 500 despencaram 3,5% e 3,9% respectivamente.
A recuperação do mercado nesta tarde depois do pânico da manhã ocorreu em meio à percepção de alguns agentes do mercado de que o Federal Reserve pode demorar ainda mais para elevar os juros. Citando piora econômica, o Barclays alterou sua projeções de alta dos juros nos Estados Unidos de setembro deste ano para março de 2016. Já no Brasil, ficou no radar a notícia de que o vice-presidente da República, Michel Temer, deixará o dia a dia da articulação política do governo, que comanda desde abril. Temer continuará atuando na articulação do Executivo com os demais poderes cumprindo papel mais institucional.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, declarou na noite destasegunda que não se deve confundir problema da economia com volatilidade."Agora estamos passando por um período de volatilidade. O que fizemos está dandoresultado", declarou em entrevista em Washington (EUA). "Estamos ajustandoa economia para uma nova realidade [...] Estamos trabalhando para preparar o Brasilpara um governo mais eficiente", revelou. Sobre possibilidade de abandonaro cargo, como circulou na imprensa nesta segunda, o ministro ressaltou que sua permanênciano cargo não está em discussão.
Dia de sell-off
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,70, -5,4%; PETR4, R$ 7,76, -6,5%) afundaram em meio à derrocada do petróleo, com o barril do Brent recuando 6,2% a US$ 42,62. No noticiário da estatal, a companhia desativou a unidade de craqueamento catalítico fluido (FCCU, na sigla em inglês) com capacidade de produção de 56 mil barris por dia de gasolina na refinaria de Pasadena (EUA), com capacidade para 100 mil barris por dia, após um incêndio durante a noite de domingo. Os papéis da Vale (VALE3, R$ 15,40, -7,7%; VALE5, R$ 12,38, -7,9%) também despencaram, com o minério de ferro spot com 62% de pureza no porto de Qingdao afundando 5% a US$ 53,28 a tonelada.
Com o ajuste do mercado, os papéis dos bancos chegaram a ter alívio durante a tarde, acompanhando o benchmark, mas as ações fecharam em queda com Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 25,88,-1,9%), Bradesco (BBDC3, R$ 24,49, -0,4%; BBDC4, R$ 22,87, -1,7%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,93, -2,7%) e Santander (SANB11, R$ 14,00, -0,9%) operando em fortes baixas.
No caso de Suzano (SUZB5, R$ 16,01, -5%), a companhia seguiu o desempenho dos mercados globais e não conseguiu evitar a retração dos papéis nem com a disparada do dólar. No noticiário, em resposta à taxação antidumping aplicada pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos, a Suzano informou, no sábado, que não planeja alterar a sua estratégia de exportação para os EUA enquanto não for proferida uma decisão final na investigação que está prevista para o primeiro trimestre de 2016. Das 66 ações da carteira, poucas fecharam fora do negativo: Natura (NATU3, R$ 22,96, +2,1%) e Hering (HGTX3, R$ 13,86, +1,1%), ambas do setor varejista.
Cenário externo
As bolsas asiáticas e europeias despencaram em meio ao sell off global, agravado pelo tombo dos papéis chineses, que intensificou a fuga de ativos mais arriscados em meio a temores de desaceleração econômica global encabeçada pela China. Xangai teve baixa de 8,4%, a maior queda percentual diária desde 2007. Hang Seng teve retração de 5,1%, enquanto o índice Nikkei despencou 4,6%.
Ativos vistos como um porto-seguro, como títulos de governo e o iene, apresentaram ganhos em meio à instabilidade nos mercados financeiros. O gatilho para as turbulências veio sob a forma da forte desvalorização do yuan chinês, que alimentou temores sobre o estado da segunda maior economia do mundo. "Os mercados estão em pânico. As coisas estão começando a parecer com a crise financeira asiática no fim da década de 1990. Especuladores estão vendendo ativos que parecem ser os mais vulneráveis", alertou Takako Masai, chefe de pesquisa do Shinsei Bank. Bolsas de valores em todo o mundo, do Japão à Indonésia, foram duramente atingidas pela queda das ações chinesas desde a abertura nesta segunda-feira, após Pequim não anunciar nenhum grande estímulo no fim de semana para sustentar as ações, como era amplamente esperado após a queda de 11% da semana passada.
O sell-off se estendeu pela Europa, que viu as principais bolsas do continente caírem entre 4,6% e 5,9%. No cenário do continente, líderes da oposição grega fizeram progresso zero neste domingo nos esforços para tentar formar uma nova coalizão, apesar dos apelos por eleições rápidas para que o país possa lidar com crises econômica e humanitária simultâneas.
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