As empresas brasileiras que podem virar “anjos caídos”
Mais candidatos à zona de rebaixamento do que ao título. Se o relatório da Standard & Poor's (S&P) sobre as empresas brasileiras com grau de investimento fosse um torneio de futebol, esta seria a realidade. No país, existem mais companhias com chances de perder o selo de bom pagador do que de ganhá-lo.
Na análise da S&P, 11 das 83 corporações da América Latina com grau de investimento correm o risco de perder este status. Deste grupo, chamado de “potencial fallen angels” (ou “potenciais anjos caídos”, em português), oito são brasileiras: Gerdau, Braskem, Aché Laboratórios, Vale, Globo Comunicações, Raízen e Natura. Segundo a agência de classificação de risco, a maioria destas empresas será rebaixada a grau especulativo caso o rating do Brasil seja diminuído a “BB-” em moeda estrangeira. Em setembro passado, S&P retirou o selo de bom pagador do país e o rebaixou ao índice “BB+”. Para a Gerdau (foto), o potencial de perda do grau de investimento é ainda acentuado pelos baixos preços de minério de ferro e de cobre.
Na ponta oposta, somente quatro companhias latino-americanas são consideradas potenciais candidatas a ganhar o grau de investidor. Entre as “rising stars”, (estrelas em ascensão, em português), a Hypermarcas é a única representante brasileira. Porém, mesmo com desempenho financeiro promissor, a farmacêutica também terá sua chance de upgrade minada caso o rating do Brasil seja novamente rebaixado, de acordo com o relatório da agência.
O número de empresas com grau de investimento na América Latina caiu 27% entre 2015 e este ano. Na avaliação da S&P, o grupo se tornou mais exclusivo devido à crise brasileira e à queda de preços das commodities. As companhias com alta exposição ao setor público, como concessionárias de serviço de utilidade pública e empresas de infraestrutura, além daquelas dos setores de petróleo e gás e de siderurgia e mineração, foram as que mais perderam grau de investimento no período de um ano.
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