Após "segunda-feira negra", dólar fecha em R$ 3,60
O Ibovespa perdeu forças perto do final do pregão destaterça-feira (25) e, depois de chegar a subir 2,82% na máxima do dia, fechou em0,47%, a 44.544 pontos. O dólar, que passou a maior parte do pregão em queda,virou para alta depois da divulgação dos dados da nota do setor externo dejulho pelo Banco Central. Ontem, a falta de estímulos na China fez com que omercado global perdesse US$ 2,4 trilhões, de modo que todos apostavam na alta nestaterça depois que os chineses anunciaram medidas de estímulo como corte noscompulsórios e taxa de empréstimo. No entanto, todo o mercado perdeu forçaperto do fim do pregão. O volume negociado neste pregão foi de R$ 6,389bilhões.
O dólar comercial subiu 1,5% a R$ 3,6084 na venda, ao mesmotempo em que o dólar futuro para setembro registrou ganhos de 1,4% a R$ 3,612.Foi a primeira vez que o câmbio fechou acima de R$ 3,60 desde fevereiro de2003. Para o diretor técnico da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, ootimismo com a China no mercado é precipitado, já que ainda há muitaindefinição quanto ao mundo ter capacidade de continuar crescendo a níveissatisfatórios. O câmbio, segundo ele, também refletiu preocupações com ocenário doméstico como a aprovação de despesas do governo no Senado e a saídado vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) da articulação política. Além disso,as moedas baseadas em commodities já voltam a perder força diante da falta decertezas no cenário global. "O dólar do Canadá está na mínima do ano. Opeso mexicano e o dólar australiano também", recorda Faria Junior.
Apesar disso, as boas indicações do governo chinês fizeramos índices norte-americanos Dow Jones e S&P 500 subirem durante boa partedo pregão, mas fecharem em queda de 1,3% a 15.666 pontos e 1,3% a 1.868 pontosrespectivamente, além de impulsionar commodities como o petróleo, com o barrildo Brent registrando alta de 0,5% a US$ 43,27. No mercado de juros futuros, o DI para janeirode 2017 subiu 6 pontos-base a 14,15% ao passo que o DI para janeiro de 2021subiu 9 pbs a 13,99%.
Ontem o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disseque a inflação terá forte queda. No cenário doméstico o Senado começou a votarhoje as medidas da chamada “Agenda Brasil”, testando trégua política apósentendimento entre o presidente do Congresso Renan Calheiros (PMDB-AL) e ogoverno. Enquanto isso, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) avalia ação contraDilma, que admite erros após União anunciar corte de ministérios.
Indicadores
O Brasil registrou déficit em transações correntes de US$6,1 bilhões em julho, informou o Banco Central nesta terça-feira (25), acumulandoem 12 meses um saldo negativo equivalente a 4,3% do Produto Interno Bruto(PIB). O resultado no mês veio melhor do que o estimado por economistasconsultados pela Reuters, que esperavam saldo negativo em julho de US$ 6,7bilhões. Já os Investimentos Diretos no País (IDP) - antiga denominação paraInvestimentos Estrangeiros Diretos (IED) - alcançaram US$ 5,9 bilhões em julho,contra expectativa de US$ 6 bilhões. A forte alta no déficit aumenta chances decorte de rating do Brasil.
Destaques de ações
Depois de caírem forte ontem, as ações da Petrobras (PETR3,R$ 8,88, +2%; PETR4, R$ 7,90, +1,8%) subiram nesta terça. Após a forte queda de6% ontem em meio ao cenário de pânico das bolsas mundiais com a China, aPetrobras voltou a registrar ganhos, também de olho nas novas medidas chinesas.Hoje, o dia é de recuperação para os mercados: o preço do barril de petróleobrent sobe 2,88%, a US$ 43,92, enquanto o WTI tem ganhos de 2,8% a US$ 39,31, oque impulsiona também as ações da estatal. Setor de mais peso na carteirateórica do Ibovespa, com 22% de participação, os bancos chegaram a registrarganhos significativos nesta terça, mas fecharam em leve queda. Subiram Bradesco(BBDC3, R$ 24,68 +0,7%; BBDC4, R$ 22,95, +0,3%) e Santander (SANB11, R$ 14,02, +0,1%),enquanto Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 25,81, -0,2%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$17,70, -1,2%) caíram. As ações da Vale (VALE3, R$ 15,35, -0,3%; VALE5, R$12,27, -0,8%) fecharam em queda, depois da disparada da manhã com as medidas daChina. No mercado de commodities, o minério de ferro cotado no porto deQingdao, na China, encerrou a sessão com leve alta de 0,3%, a US$ 53,45 a tonelada.
Por aqui
Depois do final da temporada de resultados do segundotrimestre, é hora de comparar e analisar os números das companhias listadas naBM&FBovespa, que entre abril e junho tiveram, juntas, um lucro de R$ 41,9bilhões, ante um resultado de R$ 36,5 bilhões no mesmo período de 2014. Compostode 26 empresas, o setor bancário foi o mais lucrativo do segundo trimestre, comR$ 19,1 bilhões, ante R$ 13,3 bilhões entre abril e junho de 2014. O valorrepresenta uma alta de 43%.
Cenário externo
Após o fechamento das bolsas asiáticas, o Banco Central daChina anunciou uma série de medidas para conter a baixa dos mercados, como ocorte na taxa de compulsório e da taxa de empréstimos, que vinham sendoamplamente esperados pelo mercado. Com isso, o alemão DAX fechou em alta de 4,9%,enquanto o CAC 40 teve alta de 4,1%. Ontem, a queda da bolsa de Xangai foi amaior desde 2007, levando a agência estatal Xinhua descrever o tumultuadopregão de "Black Monday".
Os mercados despencaram novamente, com investidoresdesesperados com a falta de medidas de Pequim em reação a dados recentessugerindo que a desaceleração da segunda maior economia do mundo está seaprofundando. A China, um dos mais importantes motores da economia global,superou a Grécia no topo da lista de preocupações que acometem investidoresglobais, que temem que a economia esteja crescendo em ritmo muito mais lento doque a meta oficial de 7% para 2015. Dentre outras medidas para conter a quedado mercado, o Banco Popular da China anunciou a injeção de um total de 150bilhões de yuans, cerca de US$ 23,4 bilhões, no sistema financeiro do país paraaumentar sua liquidez. O banco central chinês explicou, em comunicado publicadopela agência oficial "Xinhua", que a redução da liquidez disponívelno mercado, causada pela desvalorização do yuan, tornou a intervençãonecessária.
Em relatório chamado “China: crise ou mudançapermanente?", a equipe econômica do Bradesco manteve a expectativa para ocrescimento da economia de 6,5% em 2015 e ajustaram para baixo o crescimentoesperado para 2016 de 6,2% para 5,5%. Conforme destaca o Bradesco, o ajustepara baixo se deve aos fatores estruturais que, dificilmente, serão revertidoscom políticas de estímulo. "Por ora, não há discussões de que a meta de 7%– estipulada para 2015 – será revisada para baixo para 2016. Esse tema,contudo, deverá começar a ser discutido em breve, tendo em vista os diversosdesafios e o lento avanço dos investimentos em infraestrutura, que poderiampromover uma retomada da economia", ressalta o banco.
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