Sommelier, por que não?
Inspirado pelo colega blogueiro André D´Angelo (leia aqui), resolvi fazer essa reflexão com vocês. Como bem pontuou o André, nas últimas décadas nossas certezas profissionais ruíram, pois inexiste garantia de uma atividade segura. Assim como nasceram novas oportunidades: há gente amealhando fortunas com vídeos no YouTube ou mesmo jogando videogame – funções inimagináveis para muitos de nós no passado. Por qual razão, então, não optar por um hobby que seja prazeroso e, talvez, possa ainda ser muito promissor no Brasil futuramente?
O passatempo, aliás, já tem status trabalhista. Recentemente a profissão de Sommelier foi regulamentada no Brasil, através da Lei 12.467, de 26 de agosto de 2011. A regra – de autoria do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – reconhece a importância desse profissional no setor de alimentos e bebidas. Ele é responsável pela escolha, compra, recebimento, guarda e pela prova do vinho antes que seja servido ao cliente. Faz parte da função, ainda, sugerir harmonizações de pratos com diferentes rótulos.
Cada vez mais – assim como os chefs – essa arte vem despertando o interesse dos brasileiros. Não sem razão que os cursos pelo país preenchem suas vagas rapidamente. Afinal, é um ofício que reúne história, geografia, cultura geral e, claro, gastronomia. “É muito comum na Europa ver médicos, advogados, bancários e outros profissionais buscando cursos de Sommeliers como forma de aprofundar o conhecimento sobre vinhos. É algo que o Brasil deveria apostar”, opina Raffaella Federzoni, gerente de exportação da Fattoria dei Barbi, vinícola italiana que atua no ramo desde 1352.
Diferentemente dos anos anteriores, onde eu encarecidamente pedia pelo abandono da Freixenet (leia aqui), desta vez opto por instigar cada um de vocês a pensar com carinho em exercer esse posto – não necessariamente como ganha-pão, mas por plena satisfação. E reitero: já valerá pela vida inteira apenas pelo simples fato de poder escolher rótulos para cada ocasião e poder transformar um momento trivial em único. Imagine que, ao invés de ter apenas cerveja como opção, você poderá ter uma experiência para cada fase da sua vida e de seus amigos. A seguir apenas algumas das vivências humanas muito banais que podem ser modificadas pela magia do Sommelier.
- O verão, na beira da piscina ou mesmo no escaldante sol da praia, ganha outro brilho quando se acompanham ostras com espumantes – ou mesmo Champagne, se seu bolso permitir.
- Já dizia o antigo ditado que se tomam decisões bebendo água, mas se reflete degustando um vinho. Nada melhor que pensar tendo ao lado um fresco Chardonnay ou mesmo um leve Pinot Noir.
- Você pode impressionar a pessoa amada no primeiro encontro pedindo para que seja servido um bom Rosé da Provence. Acredite: existem ótimos rótulos vendidos por volta de até R$ 50 no Brasil. Um Prosecco também não cairia mal.
- Do mesmo modo, você pode terminar um relacionamento da melhor maneira possível. Para manter a amizade, bebam Vinho Verde ou mesmo um Châteauneuf-du-Pape. Caso se arrependa, nada que um bom copo de uísque não resolva (afinal, Sommelier também tem noções de destilados e noções de responsabilidade social ao beber).
- Com certeza seu casamento não terá bolo harmonizando com espumante. No mínimo, terá de ser um vinho de sobremesa como um Licoroso de Moscato Giallo, da Luiz Argenta, por exemplo. Ou mesmo um Asti com morangos frescos.
- Festa de criança, então, não mais será a mesma. Afinal, chocolate fica muito melhor com Banyuls.
- O almoço em família – com aquela suculenta massa ao molho de tomate – se torna um banquete com um italiano tânico e encorpado. Ou pode servir o trivial cordeiro com um rótulo de Bordeaux. Se preferir culinária tailandesa, entre as cepas você poderá escolher entre a Riesling e a Pinot Grigio.
- Nenhuma viagem ao exterior será a mesma. Enfim, ao visitar países que produzam a bebida, nada melhor do que prová-la no nascedouro. Além do mais, é muito mais em conta.
- Vinho atrai amizades. A paixão será tamanha que você agregará novos amigos quase que diariamente. E todos querem dividir a adega. Quem poderá dizer que, em um happy hour, degustou um vivíssimo exemplar nacional com 20 anos de garrafa? Ou mesmo que foi brindado pela generosidade de um parceiro que abriu um Chateau Montelena e, de quebra, um Ornellaia 2001?
- E, finalmente, sua rotina mudará totalmente. Ao chegar em casa todas as noites, você (por dever de ofício, curiosidade ou mesmo por puro prazer) descobrirá em cada garrafa um novo mundo.
Vale a pena, não vale?
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