Florianópolis lidera lista de cidades com maior número de startups
De acordo com estudo da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), Florianópolis desponta na liderança quando se considera a proporção de startups (empresas de inovação tecnológica) em relação ao número de habitantes. Porém, entre as capitais, destacam-se em números absolutos São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Mas o maior número de startups no país está concentrado nos estados de São Paulo (41%), Minas Gerais (12%) e Rio de Janeiro (9,7%).
A densidade de startups na capital de Santa Catarina é quase dez vezes maior do que no munícipio de São Paulo. Em seguida, figuram outras cidades catarinenses, como Chapecó e Joinville. Segundo a Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), o setor tecnológico já representa 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado, com um faturamento de R$ 15,5 bilhões. A região tem um histórico grande na área da tecnologia de informação, principalmente. Tem uma boa rede de universidades na área de tecnologia e um dos melhores IDHs [índices de desenvolvimento humano] do Brasil, então, atrai muita gente qualificada com experiência, numa região onde cresceram muitas empresas de tecnologia nos últimos 20 anos.
Por ser uma ilha, onde não podem ser instaladas indústrias devido à limitação de espaço, Florianópolis deu uma guinada para o mundo do empreendedorismo e se consolidou como um dos polos de inovação tecnológica do país e já vem sendo chamada de um dos vales do Silício brasileiro, em referência à região dos Estados Unidos que concentra as grandes empresas norte-americanas de tecnologia. “Queremos deixar à disposição da sociedade dados de alto nível atualizados sobre o setor de tecnologia e com esses números contribuir para direcionar políticas públicas de melhoria do setor, buscando ainda mais inovação”, afirma Daniel Leipnitz, presidente da Acate.
O estado de Santa Catarina também alcançou a ponta no número de startups. Dados divulgados pela Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), em parceria com a Neoway, mostram que a região abriga atualmente mais de 16 mil empreendedores e o número de empresas de tecnologia subiu 3,4% entre 2015 e 2017. Considerando os últimos 30 anos, o crescimento foi de 10.000%, segundo o panorama divulgado pela entidade.
Soluções que deram certo
A primeira tentativa de abrir uma empresa, ainda no início dos anos 2000, não deu certo para o catarinense Eric Santos. Depois de seis anos tentando desenvolver diferentes produtos na área de telefonia celular, Eric percebeu que o negócio não escalonou, mas rendeu experiência para futuras oportunidades. Ele fechou a primeira empresa e passou a trabalhar em algumas startups, até que, em 2011, retomou a ideia de empreender e abriu a Resultados Digitais (RD), startup de marketing digital que se tornou referência nacional na oferta para grandes empresas de ferramentas tecnológicas de conquista de clientes, entre outros produtos. A empresa surgiu há sete anos, praticamente junto com o conceito de startup no Brasil. Hoje, a RD tem mais de 600 colaboradores trabalhando em uma sede própria, atende a mais de 10 mil clientes no Brasil e em outros 20 países e tem parceria com mais de 1.500 agências de negócios.
Além do investimento em educação na área de marketing, por meio de palestras, eventos, distribuição de conteúdo, a empresa cresceu apostando em talentos. “Uma das coisas que nós conseguimos fazer é criar uma escolinha para atrair talentos para dentro do time, formar, desenvolver a parte técnica, intelectual e ajudar essas pessoas a continuar crescendo. Boa parte dos líderes da empresa são pessoas que entraram há 4 ou 5 anos e cresceram junto com a empresa. Vários começaram a fazer outras iniciativas, a empreender ou participar de outras coisas e a gente está vendo que isso vai plantar várias sementes e frutos serão colhidos ao longo dos próximos anos”, comenta Eric.
Outra startup catarinense que ganhou o mercado nacional e atravessou as fronteiras do país foi a Agriness, que atua há 17 anos no setor de suinocultora. A empresa encontra soluções tecnológicas de gestão e melhoria de produtividade para produtores de suínos. Atualmente, a Agriness atende a 90% do mercado brasileiro de suínos, 50% do mercado da Argentina e já tem entrada em outros países das Américas. A expectativa da startup é que o negócio cresça ainda mais, considerando a grande demanda por alimentos no Brasil e no mundo. “As agrotechs [startups na área da agricultura] estão entrando em alta agora, o que eu tenho visto mais são empresas e financiadoras privadas interessadas em aportar, em investir. Esses momentos como este aqui [Startup Summit] é que acabam aproximando as agrotechs e gente que tem os mesmos interesses. Mas, acho que o Brasil ainda precisa de políticas mais bem estruturadas”, disse Cristina Bittencourt, cofundadora da Agriness.
Além de Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Recife, Fortaleza e Campinas estão na lista das dez cidades com mais startups do país. A região Norte também apresenta alguns casos consolidados, como o da startup Só Arquivos, que atua há dez anos no segmento de guarda e gerenciamento de documentos de grandes empresas.
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