Paraná inaugura primeira termelétrica de biogás do país
A primeira usina do Brasil de produção de biogás a partir do tratamento dos dejetos de suínos começou a funcionar no Paraná nesta quarta-feira (24), em Entre Rios do Oeste, na Região Oeste do Estado. O governador Carlos Massa Ratinho Junior inaugurou a unidade geradora cuja capacidade total é de 480 KW, transformando por dia 215 toneladas de um agente poluidor em energia limpa. O investimento da Copel, financiadora do projeto, foi de R$ 17 milhões.
O biogás será conduzido por meio de uma rede coletora de 20,6 quilômetros, interligando as propriedades rurais a uma Minicentral Termelétrica, onde estão instalados dois grupos motogeradores de 240 kW de potência cada um. A energia gerada será utilizada para compensar o consumo energético nos prédios públicos do município, num total de 72 unidades consumidoras, na modalidade de autoconsumo remoto. Os produtores envolvidos receberão um repasse mensal pelo volume de biogás injetado na rede.
Aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o projeto deve gerar uma economia significativa para a prefeitura no pagamento de energia elétrica, além da preservação ambiental com toneladas de gases de efeito estufa que deixarão de ser emitidas com os dejetos que serão tratados. A estimativa é que haja uma produção de energia elétrica renovável no meio rural de 250 MWh/mês ou 3.000MWh/ano com a utilização de 5.000 m3 de biogás/dia. “Costumo dizer que esse é o Pré-Sal caipira, produzido no interior do Brasil, que transforma um passivo ambiental em um ativo econômico”, ressaltou Rodrigo Régis de Almeida Galvão, diretor-presidente da CIBiogás, empresa responsável pela parte técnica do projeto.
Antes do funcionamento da Usina, os dejetos produzidos nas propriedades eram aplicados na lavoura como adubo. Esse material tem alto potencial de poluição dos recursos hídricos e odor desagradável, além de produzir gases de efeito estufa. O uso da biomassa residual para geração de energia evita que o metano gerado pelos resíduos sejam lançados na atmosfera. Segundo estimativas, os rebanhos de suínos respondem por 13% das emissões do efeito estufa no mundo. A produção de suínos é uma das principais atividades econômicas do Estado. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura, o Paraná produziu 840 mil toneladas de carne suína em 2018, o que representa 21,3% da produção brasileira que é de 3,9 milhões de toneladas.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior avalia que a proposta do uso de biogás como combustível pode ser incorporada pelos órgãos da administração e pediu estudos da Copel, Sanepar e Compagas para oferecer aos paranaenses modelos mais sustentáveis de consumo, principalmente em cidades menores. O Paraná é o único Estado a ter um centro dedicado a essa pesquisa de arranjos e soluções, e tem diversidade de plantas com resíduos de cana, suínos, aves, cadeia do boi, fecularias e esgoto. De acordo com a CIBiogás, enquanto a equação do combustível etanol sai R$ 0,40 por quilômetro rodado, com biometano esse valor cai para R$ 0,24. O Estado também tem potencial para ser um grande indutor de tecnologia nessa indústria de transformação, capaz de gerar empregos em larga escala.
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