Estado assina primeiro contrato de suprimento de biometano no RS

Iniciativa conclui primeira etapa de trabalho da Sulgás para viabilizar o biometano como opção energética
"Substratos e subprodutos são aproveitados e valorizados, primando pela economia circular e pela sustentabilidade”, destaca Cótica

O governo do Estado, por meio da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), e a empresa SebigasCótica firmaram, nesta segunda-feira (20), o primeiro contrato de suprimento de biometano do Rio Grande do Sul. O contrato é um marco na história do Estado, na medida em que é o ponto de partida para a inserção dessa fonte de energia renovável na matriz energética gaúcha. A iniciativa também representa a conclusão da primeira etapa de um trabalho de longa data realizado pela Sulgás para viabilizar o biometano como opção energética.

O acordo entre as duas empresas é resultado da chamada pública para aquisição de biometano, lançada pela Sulgás em 2020. A proposta prevê a instalação de uma central de tratamento integrado de resíduos (CTIR) em grande escala no município de Triunfo, com capacidade para receber resíduos da agroindústria, que serão transformados em biocombustíveis.

A planta da CTIR incluirá uma usina de produção de biometano originado a partir da transformação de resíduos da atividade agrossilvopastoril. O volume inicial para os cinco primeiros anos do contrato de suprimento com a Sulgás é de 15 mil metros cúbicos por dia, a contar de 2024, ano em que está previsto o início da entrega. A capacidade poderá ser ampliada para 30 mil metros cúbicos diários a partir do sexto ano, conforme previsão contratual.

Com o trabalho realizado pela companhia nos últimos anos, em parceria com empresas e universidades, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) emitiu duas resoluções que possibilitam a comercialização de biometano no Brasil. O projeto em Triunfo irá beneficiar, inicialmente, os clientes da Sulgás do Polo Petroquímico de Triunfo. Quando o produto for lançado no mercado gaúcho, será chamado GNVerde, marca registrada pela Sulgás para o biometano.

Economia circular
Diferentemente de outros combustíveis renováveis derivados da biomassa, que dependem do plantio para produção do combustível, o biometano que será produzido no Rio Grande do Sul será oriundo de resíduos, o que contribui ainda mais com o meio ambiente. O empresário Maurício Silveira Cótica disse que a atividade a ser desenvolvida é uma plataforma de economia circular para tratamento de resíduos e geração de gás e energia renovável e que este é o primeiro

"O projeto traz soluções e tecnologias inéditas no país e funcionará como uma central de recebimento de resíduos de diversas empresas, que serão tratados e deles será gerado o biogás, que depois de passar por um processo de purificação, se transforma em biometano, que será injetado na rede canalizada da Sulgás, se misturando ao gás natural. É um negócio em que todos os substratos e subprodutos são aproveitados e valorizados, primando pela economia circular e pela sustentabilidade", explicou Cótica.

O investimento no projeto será de R$ 150 milhões. A Sulgás investirá cerca de R$ 9 milhões em obras e equipamentos para a interligação da usina com a rede canalizada de distribuição de gás. A SebigasCótica desenvolve negócios e projetos em biogás, sendo o resultado da joint venture entre a italiana Sebigas e a gaúcha Cótica, e traz a experiência de mais de 80 unidades realizadas. A empresa atua de ponta a ponta, desenvolvendo tecnologias e processos próprios, implementando e operando plantas de biogás.

A SebigasCótica tem no portfólio a realização da maior planta de biodigestão das Américas, realizada para a Raízen no estado de São Paulo, um projeto pioneiro no país e que utiliza tecnologia proprietária da empresa para a biodigestão de vinhaça, subproduto da produção do etanol e açúcar. Também atuante em outros países da América Latina, a empresa está concluindo a realização de uma planta em Buenos Aires, na Argentina.

Mercado em potencial
De acordo com estudos da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o Brasil apresenta potencial de produção de 120 milhões de metros cúbicos por dia de biogás. Esse volume poderia suprir 40% da demanda por energia elétrica e 70% do consumo de diesel. Em relação à realidade gaúcha, conforme o Atlas das Biomassas, estudo encomendado pela Sulgás à Universidade do Vale do Taquari (Univates) e concluído em 2016, o Rio Grande do Sul tem capacidade de produzir 2,7 milhões metros cúbicos por dia de biogás, 1,5 milhão metros cúbicos diários de biometano e gerar 2,4GW de energia elétrica a partir de biomassa agrossilvopastoril.

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Sexta, 26 Abril 2024

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