Não há "plano B" para o setor madeireiro paranaense, avalia Fiep

A entidade pressiona o governo estadual e federal a adotarem medidas mitigadoras para reduzir os impactos diretos sobre a indústria
Indústria de molduras e perfilados tem 97% de dependência dos EUA
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) realizou na terça-feira (5) uma live sobre o cenário das exportações paranaenses e os impactos econômicos decorrentes do tarifaço dos Estados Unidos. O superintendente da Fiep, João Arthur Mohr, enfatizou que os Estados Unidos são o segundo principal destino das exportações do Paraná, e recebem 7% dos produtos exportados; atrás da China, que recebe 25% dos produtos exportados pelo estado.

Ainda assim, no caso do Paraná, cujas exportações aos EUA totalizaram quase US$ 1,6 bilhão no ano passado, o novo percentual de 50%, que passa a vigorar nesta quarta-feira (6), afeta oito dos dez principais produtos comercializados pelas empresas do estado ao mercado norte-americano. Foram incluídos nas isenções definidas pela administração dos EUA somente os setores de papel e celulose, responsável por US$ 53,8 milhões em exportações no ano passado, e de suco de laranja, que comercializou US$ 9,5 milhões. No Brasil, produtos como aço (5%) e automóveis (25%) já enfrentam tarifas, além dos 10% do efeito de reciprocidade. Somente 1,3% das importações destinadas aos Estados Unidos pelo mundo provém do Brasil, país que enfrenta a maior tarifa sobre os produtos importados.

Dependência do setor madeireiro
A Fiep destacou a dependência crítica que o setor madeireiro tem, especialmente no segmento de molduras, da demanda americana e de seus requisitos técnicos específicos. "A nossa alta produtividade madeireira, qualquer volume que nós tiramos dos EUA não encaixa em qualquer outro destino no mundo. A maioria dos produtos, tecnicamente falando, são desenvolvidos para atender os Estados Unidos, prioritariamente a construção civil", contextualizou Paulo Pupo, vice-presidente da entidade. O setor madeireiro emprega 38 mil trabalhadores no Paraná, o que equivale a 5,4% da indústria de transformação do estado e presente em 67% dos municípios do estado. 

O setor movimentou, no ano passado, mais de US$ 614 milhões em exportações para o mercado norte-americano, e totaliza quase 40% das exportações do estado. Pupo defendeu a necessidade de medidas de auxílio dos governos federal e estadual, como créditos emergenciais e resgate do ICMS (veja outras reinvindicações pedidas pela Fiep logo abaixo). "A taxação imposta pelos Estados Unidos, mesmo com exceções pontuais, atinge em cheio a competitividade da indústria paranaense — por isso, é essencial uma resposta firme do governo brasileiro", declarou.

Demandas da indústria paranaense ao governo estadual
  • Liberação de saldos de crédito de ICMS habilitados no Siscred para imediata monetização
  • Redução do percentual de 80% para 50% para definição de empresas exportadoras
  • Criação de linhas de crédito específicas junto à agência Fomento Paraná e ao BRDE
  • Postergação das parcelas de financiamentos na Fomento Paraná e no BRDE 
  • Suspensão das medidas de controle e fiscalização dos projetos de investimento do programa Paraná Competitivo 

Demandas da indústria paranaense ao governo federal

  • Linhas de financiamento emergencial no BNDES
  • Ampliação do prazo para contratação e liquidação do contrato de câmbio de exportação
  • Prorrogar financiamentos direcionados ao comércio exterior
  • Aplicar direito provisório de dumping e reforçar recursos humanos e tecnológicos para agilizar a resposta a desvios de comércio
  • Adiar e parcelar o pagamento de tributos federais
  • Realizar pagamento imediato de pedidos de ressarcimento de saldos credores de tributos federais (PIS/Cofins e IPI)
  • Ampliação do programa Reintegra
  • Reativação do Programa Seguro Emprego (PSE), realizado na pandemia

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Quarta, 06 Agosto 2025

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