China-Brasil: duas boas notícias
Tem tanta coisa acontecendo na relação China-Brasil lá e cá que ficou difícil de acompanhar. O melhor é que ultimamente são coisas boas. Mesmo ainda impossibilitados de ir-e-vir, e sendo obrigados a adiar (mais uma vez) para 2023 os planos de viagens e de participação presencial em feiras e outros eventos, percebe-se um outro ritmo do lado brasileiro, com várias atividades acontecendo – ou sendo preparadas para acontecer –, em empresas, entidades e universidades.
Evidentemente, o grande acontecimento desse final de maio (dia 23) foi a reunião (virtual) da Cosban, a sexta vez que acontece desde que foi criada, há 18 anos, a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação. Essa reunião, como as demais, foi coordenada pelos vice-presidentes da República dos dois países, Wang Qishan do lado chinês, e Hamilton Mourão, do lado brasileiro – que deu o tom da importância da relação bilateral em entrevista coletiva no final do evento: "(...) a China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil. O comércio bilateral cresceu de US$ 9 bilhões em 2004 para mais de US$ 135 bilhões em 2021. O Brasil é o país que recebe mais investimentos chineses na América Latina, com 47% do total na região, e estoque acumulado de US$ 66 bilhões entre 2007 e 2020."
Para que se tenha uma ideia da importância da VI Cosban, participaram do evento um total de 17 ministérios e agências governamentais de cada lado. No caso brasileiro, sob a coordenação do Ministério de Relações Exteriores. Constituída por 12 subcomissões temáticas, a Cosban se concretiza na prática através dos acordos que são firmados a cada reunião. Dessa vez, foram aprovados o Plano Estratégico 2022-2031, com diretrizes de longo prazo das relações bilaterais, e o Plano Executivo 2022-2026, com objetivos concretos a serem alcançados no período. Faltou divulgarem a avaliação objetiva do que foi feito dos anteriores, assinados em 2010 (Plano de Ação Conjunta), 2012 (Plano Decenal) e 2015 (Plano de Ação Conjunta 2015 -2021).
Sobre os discursos, o saldo do lado brasileiro é o de sempre: continuaremos exportando cada vez mais produtos agropecuários e minerais para a China, e recebendo investimentos nas áreas estratégicas para os chineses. Esse continua sendo o grande nó da "parceria estratégica global" entre os dois países, que resulta no Brasil cada vez mais desindustrializado e distante do ritmo de desenvolvimento econômico, científico, tecnológico e de inovação das grandes nações.
Felizmente ocorrem iniciativas do lado acadêmico na direção oposta, como a assinatura no dia 25 de maio do acordo de cooperação entre o Instituto Sociocultural Brasil-China e a Universidade de Zhejiang (ZIBS), criando o Centro de Estudos Latinoamericanos, iniciativa que beneficiará estudantes e pesquisadores de todos os países envolvidos. O reitor da ZIBS, Ben Shenglin, destacou em seu discurso que pretendem que o novo centro de estudos desenvolva "projetos de pesquisa conjuntos com a Ibrachina em áreas-chave, como novas tecnologias, comércio digital, tecnologia financeira e indústrias culturais digitais".
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