Balança comercial tem superávit recorde de US$ 8 bilhões em julho

Queda das importações e câmbio desvalorizado explicam resultado
Apesar da queda nos valores exportados, por causa da desvalorização do real frente ao dólar, o volume de produtos vendidos pelo país em julho deste ano cresceu em relação ao mesmo período do ano passado

Pelo segundo mês consecutivo, a balança comercial brasileira bateu recorde. Em julho, o país exportou US$ 8,06 bilhões a mais do que importou, segundo dados divulgados nesta terça-feira (3) pela Secretaria de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. Esse é o maior superávit para o mês desde o início da série histórica, em 1989. Ao todo, foram exportados US$ 19,56 bilhões em julho, enquanto o total de produtos e serviços importados fechou em US$ 11,5 bilhões.

Os principais fatores para o resultado foram o bom desempenho dos produtos agropecuários –impulsionados pela maior demanda de países asiáticos e o real desvalorizado –, e a queda generalizada nas importações, como efeito da crise econômica causada pela pandemia de Covid-19. Mesmo com o recorde no superávit da balança comercial, as exportações no mês passado foram 2,9% menores do que em julho do ano passado, quando foram adquiridos do exterior US$ 20,2 bilhões em produtos. Já a queda nas importações foi bem mais acentuada: o país comprou 35,2% menos em julho deste ano na comparação com o mesmo mês em 2019, pela média diária.

No acumulado do ano, as exportações brasileiras estão 6,4% menores do que no mesmo período (janeiro a julho) de 2019. No caso das importações, o recuo nos primeiros sete meses do ano é ainda maior, de 10,5%, na comparação com o mesmo período do ano passado. A expectativa para o governo federal é que as exportações brasileiras caiam mais de 10% em 2020 e as importações sejam reduzidas em 17%. "Temos de ter em mente que estamos vivendo uma crise. É normal em períodos como esse que as importações caiam e que você tenha excedentes exportáveis e que faça com que a balança comercial atinja saldos interessantes", afirmou Lucas Ferraz, secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia.

Exportações
Apesar da queda nos valores exportados, por causa da desvalorização do real frente ao dólar, o volume de produtos vendidos pelo país em julho deste ano cresceu em relação ao mesmo período do ano passado, especialmente no setor de agropecuária, cujo aumento foi de 21,1%. O que tem puxado esse desempenho, segundo os dados da balança, é a venda de soja, cujo valor cresceu 35,2% nos sete primeiros meses desse ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. O volume exportado foi ainda maior: 38,2% de aumento na mesma comparação. A demanda tem vindo principalmente de países asiáticos, como a China, que registrou um aumento de 15,4% na compra de produtos brasileiros na comparação entre 2020 (janeiro-julho) e 2019 (janeiro-julho). Por outro lado, o milho e o café registraram queda nas exportações, de forma geral, na comparação deste ano com 2019, até agora.

Na indústria extrativa, o volume exportado de petróleo cresceu 40,5% de janeiro a julho de 2020, na comparação com o mesmo período do ano anterior, mas como o preço do produto está em queda no mercado internacional, houve redução de 10,5% nas vendas (em valores). Já o minério de ferro apresentou redução tanto no volume (-9%) quanto no valor das vendas (-4,3%). Na indústria de transformação, a queda nas exportações tem sido mais acentuada. Automóveis e aeronaves, produtos exportados principalmente para Argentina, Estados Unidos e Europa, registraram queda de 46,3% e 54,3%, respectivamente, em termos de volume vendido, na comparação entre janeiro e julho de 2020 com o mesmo período do ano passado.

Importações
Entre os produtos importados pelo Brasil, a principal redução foi verificada em combustíveis e lubrificantes, com queda de 32,9% na comparação entre 2020 (janeiro-julho) e 2019 (janeiro-julho), por causa da queda da demanda interna, em meio à crise econômica causada pela pandemia. Já os bens de consumo, como produtos eletrônicos, registrou uma queda de 14,9% nas importações, seguidos por bens intermediários (-11,2%).

Com Agência Brasil 

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