AEB projeta balança comercial com queda de exportação e mais importações

Soja, petróleo e minério deverão responder por 37% das exportações
A AEB confirmou que todos os 15 principais produtos exportados pelo Brasil em 2023 são commodities, o que significa mais um ano sem produtos manufaturados expressivos na balança comercial

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) divulgou nesta quarta-feira (13) sua tradicional projeção para a balança comercial do próximo ano. O cenário registra queda das exportações de 0,6%, somando US$ 334,5 bilhões, contra US$ 336,5 bilhões estimados para 2023. Em relação às importações, a projeção é também de aumento de 0,6%, com US$ 241,7 bilhões em 2024 contra US$ 240,3 bilhões calculados para este ano. O superávit deverá atingir US$ 92,7 bilhões no próximo ano, queda de 3,5% em comparação aos US$ 96,1 bilhões esperados para 2023. O presidente da AEB, José Augusto de Castro, relata que o mercado internacional está muito calmo, sem quedas nem elevações bruscas de preços. "Há uma calmaria total. Também as variações dos produtos este ano, em relação a 2022, foram muito pequenas. E 2024 sinaliza, pelo menos neste momento, que deve ficar mais ou menos assim", antevê.

Ele avalia, entretanto, que no segundo semestre do próximo ano podem surgir novos fatos com reflexo nos preços. Castro se referiu a algum fato político ou econômico que poderá ocorrer e afetar o cenário atual de tranquilidade no comércio. A seguir, indicou que o conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas não teve impacto nenhum. "É como se o mercado estivesse aceitando tudo passivamente. Nada acontece que possa modificar o comércio", opinou. Contudo, admitiu que fatores podem resultar em alterações, "como mudanças geopolíticas envolvendo China, Estados Unidos e Rússia. Mas, por ora, não são suficientes para impactar o comércio mundial", acrescentou.

Boletim da AEB destaca que, de novo, soja, petróleo e minério deverão responder por 37% das exportações totais projetadas pelo Brasil para 2024, com estabilidade em relação a 2023, quando devem alcançar 37,1%. Castro advertiu que, se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decidir reduzir a produção, teoricamente o preço aumentará. Em relação à soja, a expectativa é que haja uma pequena queda na exportação por conta de problemas climáticos no Brasil. "Mas [isso] não afetou ainda a balança comercial", explicou. Segundo projeção da entidade, os produtos brasileiros cujas cotações médias em dólar por tonelada deverão crescer em 2024 são minério de ferro (+2,5%), petróleo (+1,7%), soja em grão (+0,3%), celulose (+1,2%) e óleos combustíveis (+10,2%). No sentido inverso, são esperadas quedas nas cotações de café (-8,7%), carne de aves (-6,9%), carne suína (-6,2%), milho (-6,1%), carne bovina (-5,3%) e farelo de soja (-5,1%).

Argentina
O presidente da AEB comentou também os reflexos da posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei, para o comércio brasileiro. Ele acredita que podem vir consequências positivas. "Se a Argentina tiver sorte e não houver quebra de safra, ela vai colher grande safra de soja e milho. Isso fará com que a balança argentina tenha mais dinheiro para importar, o que seria favorável ao Brasil. Não imagino que, agora, o Milei vá querer aproximação com a China, abandonando o Brasil", opinou. Castro confia que algo positivo pode acontecer na Argentina em 2024, principalmente em termos de aumento da produção. "E, se tiver um pouco mais de sorte, em aumento de preço". Apontou, porém, que a possibilidade de dobrar a produção agrícola vai depender das condições climáticas. A AEB confirmou que todos os 15 principais produtos exportados pelo Brasil em 2023 são commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado externo), o que significa mais um ano sem produtos manufaturados expressivos na balança comercial. "A gente tem expectativa de que ainda este ano seja aprovada a reforma tributária e já se consiga fazer uma redução de custos. Mas, por enquanto, isso é só expectativa", salientou.

Para o presidente da AEB, os manufaturados nacionais ainda estão distantes do mercado mundial. Ele disse que o Brasil está perdendo oportunidade de alavancar a produção industrial, ao contrário de outros países, como México, que "está sendo invadido por investimento externo, enquanto no Brasil não aconteceu nada". Argumentou que isso se explica porque o México "se preparou para o futuro e o futuro do México chegou. Por isso, está tendo [naquele país] um forte crescimento em termos de pessoal e em termos econômicos também".

Com Agência Brasil

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