Da crise à fartura: a trajetória de reestruturação da Languiru
Da desativação da usina própria e venda de seu frigorífico de suínos ao posto de uma das maiores cooperativas de produção do Estado. Em menos de três décadas, a Cooperativa Languiru deixou para trás um quadro financeiro difícil, reestruturou-se e diversificou os seus negócios. Da década de 1980, marco histórico do período de dificuldades da cooperativa, não restam resquícios. “De 2002 até os dias de hoje, vivemos uma nova Languiru”, definiu Dirceu Bayer (foto), atual presidente da grife cooperativista com sede em Teutônia (RS). Sua fala abriu a tarde de palestras e networking promovidos pelo projeto LIDERARH – edição Vale do Taquari. O evento ocorreu na terça-feira (9), no Sicredi Ouro Branco. A iniciativa é do Instituto AMANHÃ e conta com o apoio da IMED e da Localiza – Gestão de Frotas.
Caracterizada pela reformulação estrutural e funcional, com um parque industrial próprio, ciclo completo da cadeia produtiva nos setores de aves, suínos e leite, e a inauguração de indústrias de beneficiamento novas e modernas, a “nova Languiru” foi capaz de superar até mesmo os períodos mais conturbados dos últimos anos – incluindo as implicações da Operação Carne Fraca e dos embargos comerciais impostos por países do Oriente Médio e da União Europeia. E o balanço atesta isso: a cooperativa concluiu 2018 com uma receita bruta de R$ 1,3 bilhão, a maior da sua história. “Mesmo em um ano de crises no mercado e greve dos transportadores, conseguimos um resultado positivo. Isso é fruto da diversificação dos nossos produtos, já que não nos restringimos a vender commodities”, detalhou o presidente. Das quatro décadas em que Bayer atua no sistema cooperativista, 38 anos são dedicados à Languiru. Com orgulho, ele destacou os inúmeros prêmios conquistados, como o posto de única cooperativa gaúcha a ser reconhecida pelo Prêmio SomosCoop, do Sistema OCB.
A seguir, o palestrante Daniel Piardi, diretor da Brain for Business (B4B), abordou como a neurociência auxilia a entender o comportamento dos consumidores, os mecanismos de tomada de decisões e os perfis de liderança. A partir de exemplos do cotidiano, o consultor elencou algumas práticas comportamentais que demostram como os seres humanos estão condicionados a determinadas escolhas. “Produto deixou de ser algo apenas material, ligado aos seus atributos, mas passou a incluir os aspectos emocionais. O cliente valoriza a experiência com a marca. É isso que distingue um café solúvel de um copo de Starbucks”, afirmou. Detalhando sobre estrutura cerebral, neurotransmissores e hormônios, Piardi fez uma analogia entre o ser humano e os computadores. “Hoje, temos telefone, e-mail, redes sociais, WhatsApp. Nosso ‘software’ interno precisou aprender a utilizar essas novas ferramentas. Porém, nosso cérebro ainda tem o mesmo nível fisiológico, o mesmo ‘hardware’, que nossos avós que sequer chegaram a utilizar essas tecnologias. O que nos define é a nossa capacidade de adaptação”, conclui.
Por fim, a Languiru apresentou o seu case de Recursos Humanos sobre a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs). Carla Gregory, gerente de controladoria, e Julia Portz, psicóloga, apresentaram as diretrizes de inclusão da cooperativa e convidaram Diego Luís Lanius, auxiliar de almoxarifado, e Paulo Birck, associado, para darem seus depoimentos acerca do processo de inclusão e os principais desafios enfrentados no processo de adaptação. Para Lanius, sua presença na cooperativa reforça o incentivo para que os colegas enfrentem as adversidades. “Infelizmente, muitos ainda nos veem de forma diferente, mas estamos aqui para mostrar que somos mais fortes que as dificuldades. Fico feliz de ser uma inspiração para os demais e poder ajudá-los”, garantiu Lanius, que usa uma perna mecânica. Participante da primeira turma de sucessão rural promovida pela Languiru, Birck defendeu que se olhe para os produtores rurais que possuem algum tipo de deficiência e que se oportunize a inclusão deles também. Desde 2012 como associado, agora ele comemora a recente colocação como representante comercial da Languiru. “Depois do meu acidente, resolvi recuperar o tempo perdido, estudar e me qualificar. Hoje, ordenho as vacas da propriedade da família, tenho um carro adaptado e até consigo andar de trator para matar a saudade da lavoura”, relatou. “A cooperativa enxerga o nosso potencial além da deficiência”, concluiu Birck, que é cadeirante. Atualmente, 5% do quadro de funcionários da Languiru são PCDs.
A BSBIOS, em Passo Fundo; a Marcopolo, em Caxias do Sul; e o Sicredi, em Porto Alegre, já receberam o LIDERARH em suas instalações. Para Jorge Polydoro, presidente do Instituto AMANHÃ, o momento é essencial para os debates que conscientizem a respeito do potencial de mudança que temos nas mãos. “Não basta ter um CEO eficiente ou um produto com alta tecnologia agregada. A empresa é um conjunto onde tudo deve estar alinhado e mais do que nunca tem se valorizado a colaboração. Realizar esse evento com a Languiru reforça essa missão”, definiu.
Na sequência, da esquerda para direita: Daniel Piardi, diretor da Brain for Business (B4B); Julia Portz, psicóloga, e Carla Gregory, gerente de controladoria da Languiru; Diego Lanius, auxiliar de Almoxarifado e Paulo Birck, associado; Marc Deitos, diretor do Campus IMED Porto Alegre; Miguel Faller, gerente de desenvolvimento de negócios da Localiza – Gestão de Frotas; Jorge Polydoro, presidente do Instituto AMANHÃ; imagem conjunta dos palestrantes e patrocinadores e o público.
Patrocinadores:
Veja mais notícias sobre Recursos Humanos.
Comentários: