O que faz da Clinipam a joia da coroa da saúde do Sul
A Clínica Paranaense de Assistência Médica (Clinipam) chega, atualmente, ao patamar de maior operadora de planos de saúde da região Sul do Brasil. A empresa, que cuida da saúde de 340 mil beneficiários em sua carteira com mais de 5 mil empresas clientes, possui altos índices de satisfação de atendimento e vem colecionando premiações. Fatores que colocaram a companhia na mira de investidores, em uma disputa pelo controle que giraria em torno de R$ 1,5 bilhão.
O portal AMANHÃ ouviu Cadri Massuda (foto), diretor executivo e um dos fundadores da clínica, sobre os planos de expansão da rede e, também, sobre as especulações a respeito do controle da companhia. Leia, a seguir, a entrevista na íntegra.
A Clinipam chega, atualmente, ao patamar de maior operadora de planos de saúde da região Sul do Brasil. No ano passado, reafirmaram a presença em Santa Catarina, com Itajaí e Jaraguá do Sul. Quais são os planos de expansão da Clinipam para a região?
De fato, somos a maior rede própria do Sul do Brasil. Crescemos muito nos últimos seis meses, porque o modelo verticalizado de gestão que temos permite que você seja dono do hospital, das unidades de atendimento, dos centros de diagnóstico... Em um país com o custo de medicina tão elevado, dá para gerenciar melhor. Diferente das outras empresas em que se compra serviços médicos, hospitais e exames. Parte desse resultado é por conta de termos expandido para Santa Catarina.
Curitiba é caracterizada por ser uma cidade teste, porque o que dá certo aqui, dá certo no resto do país, pois o povo [curitibano] é muito crítico. Com isso, aprendemos e tivemos expertise com os usuários. Na escala de satisfação dos serviços, somos nota 9,2 da escala de um até dez. Em um serviço que é saúde, que mexe com sentimentos, emoções, isso é notável.
A receita foi levar a mesma qualidade de serviços para Santa Catarina. Já chegamos a 70 mil usuários em um ano e meio de operação lá. Não estamos conseguindo vencer as demandas pelos produtos da Clinipam, graças às indicações entre as próprias pessoas por verem um produto mais barato e melhor que a concorrência. Já estamos em 20 cidades catarinenses, praticamente todo o Vale do Itajaí, o vale industrial de Santa Catarina.
E o mercado gaúcho está na mira de vocês? Ou vocês preferem avançar para São Paulo, pela proximidade com o Paraná?
Não damos o passo maior que a perna. A Clinipam está firmando o nome em Santa Catarina para, em um segundo momento, pensarmos no Rio Grande do Sul. O Rio Grande do Sul é mais interessante que São Paulo, porque o modelo de atendimento é mais parecido com o que já atuamos.
Não somos aventureiros. Hoje, a Clinipam tem 340 mil associados. Está dando certo, porque colocamos o paciente como centro do objetivo, que é cuidar da saúde. Não cuidamos só da doença, mas da prevenção e promoção da saúde, desde cozinha experimental que temos, que ensina dietas e alimentação saudável, a programas de exercícios com competições entre as equipes, com premiações. O cuidado vai desde a concepção até os idosos. Mas não somos bonzinhos. Isso é porque é mais vantajoso ter um cliente saudável que um cliente doente. Tanto que temos um grau de sinistralidade [utilização do serviço adquirido] menor que a concorrência.
Onde tiver 5 mil associados, montamos uma unidade de atendimento na cidade. As outras empresas [do segmento] estão nos seguindo, como é o caso do nosso programa de médico da família.
Semelhante aos programas que existem no Canadá e Europa?
Isso. É uma mudança de paradigma. No início, não é fácil aceitarem, tanto médicos quanto os pacientes e as próprias empresas, porque estão acostumados a uma medicina mais tecnológica. O que fazemos é uma medicina mais humanística. Depois que começam a conhecer esse modelo, viram um propagandista do sistema. O médico especialista acaba diminuindo a quantidade de consultas, porque o médico da família consegue resolver 90% dos casos. Em um médico geral, essa taxa é de 50%. Hoje, cerca de metade dos exames, consultas e cirurgias são desnecessárias e encarecem a área de atuação.
O mercado de planos de saúde desacelerou, mas continua positivo nesse último ano. Ainda mais porque o setor depende de uma retomada mais expressiva do mercado de trabalho formal. Como o senhor tem percebido isso na Clinipam? Como essa demora na retomada econômica tem mexido com os resultados da companhia?
Houve uma perda de 3 milhões de usuários do sistema nos últimos anos. Apesar disso, a Clinipam cresceu, pois somos a melhor opção em custo-benefício. Enquanto os outros estão perdendo pacientes, nós estamos ganhando.
Temos acreditado na retomada econômica. Estive com o ministro da saúde e ele espera que o setor cresça pelo menos 20 milhões de vidas [pessoas asseguradas]. Para isso, precisa ter uma flexibilização das normas. Hoje, somos regidos pela ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar]. Até 1998, as empresas de planos de saúde podiam fazer o plano que bem entendesse, não tinha regulamentação. Era uma terra de ninguém. Quando foi implementada a regulamentação, foi uma beleza, porque os picaretas caíram fora. O problema é que engessou demais.
Tem uma pressão de todo o segmento para ter uma flexibilização das normas, dando um produto com cobertura menor, com custos menores, para quem quer ter um plano de saúde assim. Se tiver mais gente com plano de saúde, haverá menos gente no SUS, que vai poder aplicar melhor os recursos.
Por outro lado, os planos exclusivamente odontológicos continuam acelerando. Tem uma significativa diferença entre o crescimento do plano médico-hospitalares e o odontológico da rede de vocês?
Pelo menos 30% da carteira de usuários de plano médico já conta com o odontológico. Isso começou forte em São Paulo e é uma tendência que está descendo para o Sul. Isso porque tem um custo baixo diante do benefício que oferece. Às vezes, pagando de R$ 15 a R$ 30 por mês, pode-se ter acompanhamento odontológico. As próprias empresas têm sido forçadas pelos empregados e sindicatos a adotarem esse benefício. Por enquanto, essa carteira não é tão forte no faturamento da Clinipam. Representa uns 10%. Sabemos que temos um caminho grande a percorrer nesse segmento.
A Clinipam estaria negociando a sua venda com quatro grupos de saúde. Mas, em nota, a empresa informa que não está à venda. É mesmo um plano futuro crescer por meio de aporte financeiro de fundos de investimentos?
Estamos buscando investidores para acelerar os investimentos. Hoje, somos a cereja do bolo na área da saúde. Viemos recebendo muita gente para conhecer nosso modelo de negócio, todo mundo quer participar disso. Ainda estamos especulando se vamos ter um novo sócio, abrir para fundos ou até a possibilidade de entrarmos na Bolsa, mas é só um ensaio. Para termos um sócio, fizemos a primeira parte, avaliando quanto vale a empresa. Foi aí que começou a especulação.
Essa opção foi escolhida pelo fato da empresa entender que não tem dinheiro suficiente em caixa para dar conta da expansão?
Exatamente. A área de saúde é muito cara, os investimentos são altos, com construção de hospitais, compra de equipamentos de alta complexidade. Não damos o passo maior que a perna, mas a cada mês tentamos abrir uma nova unidade. Esse é o grande desafio: crescer e manter a qualidade. Só para esse ano, são cerca de R$ 30 milhões destinados para fazer crescer a rede de unidades. Estamos construindo mais um hospital, um laboratório novo, mais uma unidade em Curitiba. Praticamente inauguro uma unidade ou setor de negócios a cada mês, não são somente consultórios médicos.
Só posso dizer: a concorrência tem que estar preparada!
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