Em tempos de crédito escasso, a Central Sicredi Sul avança
Em um ano marcado pela pior recessão econômica em tempos recentes no Brasil, a Central Sicredi Sul, que atua no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, não teve do que se queixar. A operação acumulada de 2016 obteve saldo positivo, somando ativos totais administrados acima de R$ 26,8 bilhões – um crescimento de 16,3% sobre 2015. As sobras [como se chama o lucro distribuído entre os associados ao final de cada ano fiscal] foram de R$ 875,9 milhões, avanço de 16,8% sobre o exercício de 2015.
A poupança, novamente, teve destaque. A instituição financeira cooperativa registrou um salto de 30,4% da carteira, que fechou com o volume de R$ 3,5 bilhões. O Sicredi faz questão de incentivar a aplicação, pois o total de recursos arrecadado na caderneta é direcionado para o crédito agrícola. Somente no ano passado, a cooperativa disponibilizou mais de R$ 4,7 bilhões para o segmento rural (de um total de R$ 14,6 bilhões). “Praticamente 40% de nossos ativos estão alocados no setor produtivo”, comemora Gerson Seefeld, diretor executivo da Central Sicredi Sul. Uma das razões deste contentamento é que o nível de inadimplência no segmento é de apenas 0,39% frente à média nacional de 1,5% (na Pessoa Física, esse índice é de 3,06% no Sicredi, enquanto a média brasileira é de 3,7%). De acordo com Seefeld, o baixo nível de calote é fruto da proximidade da instituição financeira com os cooperados.
Para fomentar essa característica, a Central Sicredi Sul planeja abrir oito agências no Rio Grande do Sul, estado onde possui cobertura de 91%. Santa Catarina, onde a cooperativa está presente em 27% dos municípios, também deve manter a continuidade de ampliação dos serviços inaugurando 14 agências. Já no Brasil, o sistema Sicredi se prepara para desembarcar em Minas Gerais. “Não faremos aquisições. Criaremos uma cooperativa própria em solo mineiro e agregaremos unidades existentes por lá ou levaremos cooperativas já existentes daqui para lá”, antecipa Seefeld. Sobre os desdobramentos de uma possível privatização do Banrisul para o setor no Estado, o diretor da Central Sicredi Sul foi conciso. “Somos alheios ao tema, pois [essa movimentação de venda] não interfere na nossa estratégia. Somos duas organizações diferentes”, explicou.
Para este ano, a Central prevê números positivos. Os ativos totais devem avançar 11,1% (para R$ 32,2 bilhões), e o crédito geral deve ter alta de 6% (para R$ 15,5 bilhões). Enquanto isso, a poupança tem previsão de um acréscimo de 17,9% (chegando a R$ 4,2 bilhões). Seefeld espera que o movimento de reformas se intensifique no país em 2017. Do ponto de vista do negócio, o segundo semestre historicamente apresenta um cenário mais favorável que os primeiros seis meses, principalmente em função do Plano Safra, quando o setor agrícola começa a contratar para a safra seguinte.
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