Confúcio e o ensino do mandarim no Brasil

Várias universidades do país passaram a lecionar o idioma
Nascido em 551 a.C, Confúcio viveu longos 72 anos, mais que o dobro da média da época

Muita gente deve ter se espantado em Curitiba, quando o Centro Cívico recebeu, dia 27 de setembro de 2017, uma estátua do filósofo chinês Confúcio, de três metros de altura e uma tonelada e meia. Instalada no Largo da China, na rotatória ao lado da Praça Rio Iguaçu, a enorme escultura de bronze de Confúcio, obra de Wu Wei Shan, diretor do Museu Nacional de Arte da China, foi anunciada como uma "ponte" entre o país e a capital paranaense.

Confúcio é o nome latino para o filósofo Kongfuzi, nascido no final "da Primavera e do Outono", como é conhecido aquele período na China. Visitar a casa de Confúcio, em Qufu, na província de Shandong, foi algo muito impactante para mim, porque ele teria vivido nela há mais de 2.500 anos, na "História Antiga", durante a dinastia Zhou Oriental (1600 a.C – 256 a.C). Qufu é uma cidade bem pequena para os padrões chineses, com seus 395 mil habitantes. Próxima a ela fica a populosa Jining (8,4 milhões de habitantes), às margens do Huang He – o famoso rio Amarelo, segundo maior da China, com 5,5 mil quilômetros de extensão.

Nascido em 551 a.C, Confúcio viveu longos 72 anos, mais que o dobro da média da época. Por isso, e por ter conseguido se sustentar com trabalho intelectual, ele produziu um conjunto de reflexões sobre diversos aspectos das relações pessoais e políticas (disputas de poder, guerras, governos), ideias que seguem influenciando centenas de milhões de pessoas, na China e em outros países asiáticos. Prova de sua grande importância na China até hoje é a comemoração, todo 28 de setembro, do "Dia de Confúcio" – em 2022, dos 2.573 anos do seu nascimento. Há no Brasil alguns livros sobre a obra de Confúcio (o mais popular é "Os Analectos", que pode ser encontrado em livrarias, principalmente a edição da L&PM Pocket, de Porto Alegre), e sobre a sua vida – apesar da impossibilidade de se obter registros confiáveis de alguém que viveu há 25 séculos.

Com essa ressalva, a biografia elaborada por Annping Chin ("O autêntico Confúcio – uma vida de pensamento e política", 1ª edição no Brasil de 2008, pela JSN Editora, de São Paulo) é uma boa opção para quem quer saber sobre o filósofo que – li isso em algum lugar – teria morrido frustrado, por considerar que suas ideias não haviam conquistado adeptos. Certamente ele não poderia imaginar que tanto tempo depois (desde 2004) a difusão mundial do ensino da língua e cultura chinesa seria realizada por instituição com o seu nome, em parceria com universidades.

Graças à dedicação da professora Qiao Jianzhen, da Universidade Normal de Hebei e diretora do Instituto no Brasil, nos últimos dez anos várias universidades brasileiras passaram a contar com o Confúcio (UFRGS, UFSM, UPE, UFF, PUCs, Unesp, UFMA, UFCE, UFAM, UFG, UFOP, UFMG) e muitas outras estão se mexendo para conseguir oferecer o ensino de mandarim, requisito indispensável à obtenção de bolsas em cursos de pós-graduação na China. Premiada na China e no Brasil pelo trabalho de difusão do ensino de mandarim, ela foi a responsável pela criação, em 2021, do curso de português em sua universidade. Seu esforço agora é para conseguir professores de português "brasileiro", já que aumentou muito na China a demanda pelo Brasil. Eis uma boa oportunidade para quem é da área e quer conhecer a terra de Confúcio...

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Quinta, 02 Mai 2024

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