Ibovespa fecha em queda após governo não anunciar cortes
Se o Ibovespa zerou as perdas no começo da tarde com anotícia de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciaria cortes noOrçamento de 2016 ainda nesta quinta, a coletiva do ministro, sem muitasnovidades, jogou a bolsa brasileira de volta para o negativo. O benchmark do mercadorecuou 0,44%, a 46.450 pontos. O volume negociado na Bolsa no pregão foi de R$7,8 bilhões. No fim do dia, o dólar comercial acumulou alta de 1,3% a R$ 3,8480mesmo com a intervenção do Banco Central pela manhã. Ao final do pregão, aS&P's anunciou o corte de rating de algumas empresas brasileiras, entreelas Petrobras, Ambev, Itaipu e Odebrecht. A agência anunciou que também rebaixou os ratings de crédito do Banrisul, de BBB- para BB+ na escala global e de brAAA para brAA na Escala Nacional Brasil. A perspectiva do banco gaúcho permanece negativa.
Durante a sessão, a queda da Bolsa já vinha mais fraca doque a esperada por diversos investidores. Para Hersz Ferman, economista daElite Corretora, isso ocorre porque os ativos do Brasil já estavam sendonegociados nos últimos tempos com preços de país sem grau de investimento."Tanto os CDSs [Credit DefaultSwaps, os seguros contra calote dos títulos públicos], quanto Bolsa e dólarjá mostravam a gente com outro nível de rating", afirma. Com isso, oefeito do corte em ativos financeiros acabou sendo bastante limitado passado osusto inicial.
O que realmente muda com a decisão do S&P, na avaliaçãodo especialista, é que agora o governo entrou em um "ponto devirada". Muito dificilmente a situação do ministro da Fazenda, JoaquimLevy, e as medidas de ajuste fiscal continuarão nesta indefinição atual. ParaFerman, o cenário agora passou a ser binário. “Ou o Planalto passa a dar maispoder para Levy realizar o seu ajuste fiscal e o Congresso toma consciência deque precisa apoiar as medidas ou o governo Dilma vira as costas definitivamentepara Levy e volta a aplicar o modelo econômico desenvolvimentista do primeiromandato”, cogita.
O anúncio do corte do Orçamento mostrava que a primeiraopção poderia ser a mais provável, o que explica a melhora do humor dosmercados durante a tarde. Contudo, a falta de anúncios concretos acabou mudandoo cenário. A coletiva de Levy começou pouco depois das 15h. Nos 50 minutosseguintes, o Ibovespa mergulhou 400 pontos, acompanhando a ausência denovidades no discurso. No começo da tarde, notícia divulgada no ValorPro diziaque Dilma Rousseff havia determinado que o ministro anunciasse novos cortes aindanesta quinta. "A queda da tarde tem tudo a ver com isso do Levy nãoanunciar nada, mas nos próximos dias vai ficar mais evidente para o investidorlocal que o governo que está aí não vai cortar gastos. Ele não tem conseguidofazer mais nada de ajuste faz alguns meses. Quase tudo foi reduzido e algumascoisas foram acrescentadas para pior nos seus projetos enviados aoCongresso", opina Flávio Conde, analista da consultoria WhatsCall.
Destaque de ações
Os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 9,31, -3,8%; PETR4, R$7,97, -5%) operaram entre as maiores quedas do pregão. Já se esperava que aestatal também perderia o grau de investimentos no curto prazo. Como o dólarestá em tendência de alta e a companhia possui 73,5% da dívida atrelada a moedanorte-americana, a probabilidade é grande do nível de alavancagem da companhiasuperar as 5 vezes do múltiplo Dívida Líquida/Ebitda (lucro antes de juros,impostos, depreciação e amortização) no terceiro trimestre de 2015. Entre asaltas, subiram os papeis do setor siderúrgico com Usiminas (USIM5, R$ 4,24,+12,7%), Gerdau (GGBR4, R$ 6,72, +7,6%), CSN (CSNA3, R$ 4,66, +7,6%) eMetalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,87, +5,4%). As ações da mineradora Vale (VALE3, R$ 19,94, +4,6%; VALE5,R$ 16, +4,1%) também fecharam em alta.
Mais fatos no radar
Com tantas notícias sobre o rating, a ata do Comitê dePolítica Monetária (Copom) relativa à última reunião, na qual a taxa Selic foimantida em 14,25% ao ano, acabou ficando em segundo plano. No documento, o BancoCentral disse que a política monetária tem de manter vigilância diante de maiorprêmio de risco. No entanto, no texto, a autoridade monetária apontou que ocenário de convergência da inflação a 4,5% pelo IPCA no final de 2016 tem semantido. A expectativa é de manutenção da Selic em 14,25% pelos próximos meses.
Já nos Estados Unidos, os novos pedidos deauxílio-desemprego caíram 6 mil na semana encerrada em 5 de setembro, para 275mil, após ajustes sazonais, informou o Departamento do Trabalho. O indicador émais um sinal de saúde em geral do mercado de trabalho do país. O número veioem linha com a previsão dos economistas ouvidos pelo Wall Street Journal. Ospedidos de seguro-desemprego na semana anterior foram revisados, de 282 milantes informados para 281 mil. O Departamento do Trabalho disse que não haviafatores especiais afetando os dados mais recentes. Enquanto isso, o índice depreços dos produtos importados pelos EUA caiu 1,8% em agosto ante julho,segundo números do Departamento do Comércio, registrando a maior queda desdejaneiro, em um sinal de que a tendência de força do dólar e a fraqueza nospreços do petróleo seguem contendo a inflação. Analistas pesquisados pelo WallStreet Journal previam uma diminuição ligeiramente menor, de 1,7%. O resultadode agosto foi influenciado principalmente por uma queda de 13,3% no preço doscombustíveis importados, também a maior desde janeiro.
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