Dólar volta a bater recorde com temor de recessão global

A moeda bate pela primeira vez a cotação de R$ 4,57

Em meio ao receio de uma recessão global provocada pelo novo coronavírus, o dólar voltou a subir nesta quarta-feira (4) e bateu novamente o recorde nominal desde a criação do real. Nem o corte emergencial dos juros pelo Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, conteve as turbulências no mercado. O dólar fechou em alta novamente hoje batendo pela primeira vez a cotação de R$ 4,57, um novo patamar recorde nominal (sem considerar a inflação). A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 4,5790, com elevação de 1,5%, a maior alta percentual desde 8 de novembro de 2019, quando a moeda subiu 1,8%. Na máxima do dia. No ano, o dólar acumula alta de 14,2%.

O Banco Central (BC) amenizou as intervenções no câmbio. Diferentemente dos últimos dias, a autoridade monetária não leiloou novos contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. O BC apenas rolou (renovou) R$ 650 milhões de contratos de swap que venceriam em abril. Nas últimas semanas, o mercado financeiro em todo o mundo tem atravessado turbulências por receio do impacto do coronavírus sobre a economia global. Na segunda-feira (2), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu, de 2,9% para 2,4%, a previsão de crescimento econômico mundial para 2020 em decorrência da doença.

Com as principais cadeias internacionais de produção afetadas pela interrupção da atividade industrial na China, indústrias de diversos países, inclusive do Brasil, sofrem com a falta de matéria-prima para fabricar e montar produtos. A desaceleração da China, segunda maior economia do planeta, também pode fazer o país asiático consumir menos insumos, minérios e produtos agropecuários brasileiros. Uma eventual redução das exportações para o principal parceiro comercial do Brasil reduz a entrada de dólares, pressionando a cotação.

Entre os fatores domésticos que têm provocado a valorização do dólar, está a decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de reduzir a taxa Selic – juros básicos – para 4,25% ao ano, o menor nível da história. Juros mais baixos desestimulam a entrada de capitais estrangeiros no Brasil, também puxando a cotação para cima. A redução emergencial de juros pelo Fed alivia as pressões sobre o câmbio porque aumenta a diferença entre os juros brasileiros e as taxas básicas nos Estados Unidos. No entanto, a decisão indica que a recessão global pode ser mais intensa que o esperado, o que levou ao nervosismo nos mercados financeiros globais.

O BC esperará a próxima reunião do Copom, daqui a duas semanas, para avaliar o impacto do coronavírus sobre a inflação. Em nota oficial, a autoridade monetária informou que é necessário esperar esse prazo para comparar qual efeito vai prevalecer: a desaceleração da economia global ou a deterioração dos ativos financeiros (alta do dólar e queda da bolsa).

"À luz dos eventos recentes, o impacto sobre a economia brasileira proveniente da desaceleração global tende a dominar uma eventual deterioração nos preços de ativos financeiros", especificou o BC no comunicado, indicando que uma eventual recessão global pode ajudar a conter o impacto da subida do dólar sobre os preços. "O Banco Central enfatiza que as próximas duas semanas permitirão uma avaliação mais precisa dos efeitos do surto de coronavírus na trajetória prospectiva de inflação no horizonte relevante de política monetária", concluiu o texto. Segundo a autoridade monetária, o acompanhamento está sendo feito de forma atenta.

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Quinta, 21 Novembro 2024

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