BC afirma que não elevará juro por causa do câmbio
O Banco Central (BC) não reagirá de forma mecânica com a política de juros para lidar com a desvalorização da taxa de câmbio. O BC deixou claro que continua em vigor a declaração do presidente Ilan Goldfajn de que não há uma relação automática entre o câmbio e a política monetária. Em linguagem mais coloquial, o BC está reafirmando que não pretende elevar a taxa Selic para conter a desvalorização do real frente ao dólar. A informação foi veiculada na edição do jornal Valor Econômico desta quinta-feira (7).
“Isso não significa, porém, que o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne nos dias 19 e 20, cumprirá rigorosamente o que disse na ata, que manterá os juros inalterados nas próximas reuniões. Na mesma ata, é importante lembrar, o comitê destacou que a sinalização de manutenção da Selic nas duas próximas reuniões está condicionada à evolução da conjuntura econômica, em especial a atividade, ao balanço de riscos e às projeções de inflação, tanto as suas quanto às expectativas do mercado. Uma coisa é certa: o balanço de riscos piorou nos últimos dias. A taxa de câmbio considerada na ata, de R$ 3,60, elevaria a projeção de inflação para algo ao redor de 4% neste e no próximo ano”, afirma a reportagem.
O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, declarou que existe uma tensão maior no mercado de câmbio no Brasil por causa das eleições deste ano. “Como sabemos, existe uma tendência global de valorização do dólar. E isso afeta a economia brasileira, como afeta outras economias, com maior intensidade as emergentes. Evidentemente tem as especificidades do caso brasileiro. Existe uma tensão maior dada pela transição política, em cenário das eleições. Tudo isso agrega volatilidade e incerteza aos mercados”, afirmou o ministro. Guardia reforçou que a economia brasileira tem fundamentos sólidos, com reservas internacionais “extremamente elevadas” e déficit em conta corrente financiado por investimento direto estrangeiro. “Tudo isso reforça muito a solidez da economia brasileira para enfrentar esse tipo de movimento [de alta do dólar]”, disse, ao ser questionado se está havendo especulação no mercado.
O ministro ressaltou que o BC e o Tesouro estão monitorado os mercados de câmbio e juros, destacando que o câmbio no país é flutuante e a atuação do Banco Central é no sentido de evitar fortes oscilações. “O Banco Central monitora, e tem atuado mercado de câmbio quando julga oportuno. O Tesouro Nacional também tem olhado o mercado de juros para tentar reduzir a volatilidade neste mercado. Então, estamos atuando conjuntamente, de maneira coordenada”, disse. Ele acrescentou que o Tesouro Nacional tem um colchão de liquidez, o que permite reagir em momentos de maior volatilidade. “Tanto o Ministério da Fazenda quanto o Banco Central têm acompanhado essa evolução, e o que sempre destacamos: o fundamental é que o país avance no que é efetivamente relevante para reforçar a nossa capacidade de superar esses momentos de maior turbulência. Eu me refiro à continuidade do processo de reformas”, destacou. Questionado se as oscilações no mercado podem levar a aumento da taxa básica de juros, a Selic, Guardia preferiu não se posicionar. “Nunca comento decisões de juros. Isso é competência exclusiva do Banco Central”, afirmou.
Na opinião de alguns especialistas, a taxa de juros nos Estados Unidos também pode voltar a subir. De acordo com o InfoMoney, os títulos da dívida pública do Tesouro dos EUA, usados para financiar a dívida do país, já chegaram a pagar 3% ao ano, fato que já serviu para estremecer o mercado global. E há quem aposte que os Estados Unidos poderão até mesmo dobrar esse índice de rendimento de seus títulos nos próximos meses.
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