Roca Sales estuda realocar cerca de 40% da população
A prefeitura de Roca Sales (RS), no Vale do Taquari, estuda propor a transferência de milhares de moradores e comerciantes da área central da cidade para outro ponto do território municipal menos sujeito aos efeitos adversos das chuvas, como enchentes, alagamentos e inundações. "Hoje, praticamente todo o centro da cidade está em uma área alagável, próxima ao rio Taquari […] Precisamos reconstruí-lo em um local com menor probabilidade de alagamentos, pois já deu para perceber que esses problemas vêm ocorrendo com cada vez mais frequência", contou o secretário municipal de administração e coordenador da defesa civil municipal, Silvio Zart, referindo-se às cheias deste mês, as mais severas da história da cidade.
Segundo ele, todos os cerca de 10,4 mil habitantes foram, de alguma forma, prejudicados pela catástrofe socioambiental que, em todo o estado, afetou mais de 2,3 milhões de pessoas, causando ao menos 157 mortes e deixando 88 desaparecidos e 76.188 desabrigados – números contabilizados até o meio-dia de segunda-feira (20). Apenas em Roca Sales foram registradas dez mortes. Os reflexos das chuvas também comprometeram as obras que a prefeitura vinha realizando para reparar os danos das cheias de setembro de 2023, agravando os danos à infraestrutura local. De acordo com Zart, entre 3,5 mil e 4 mil pessoas moram ou trabalham na área central da cidade.
A realocação, ainda que complexa e desafiadora, é vista como uma medida crucial para dar segurança à população e evitar novas tragédias. "Pretendemos discutir isso com a população em geral e com as empresas afetadas. É um trabalho muito severo, mas que precisará ser feito porque é preciso ter em mente que, em apenas oito meses, algumas dessas áreas foram atingidas por ao menos três grandes cheias do Rio Taquari", destacou Zart. Na última sexta-feira (17), o prefeito de Roca Sales, Amilton Fontana, e outros integrantes do poder executivo municipal apresentaram a alguns empresários locais uma primeira versão do projeto de transferir estabelecimentos para um local a cerca de quatro quilômetros de distância da região central. Segundo Fontana, a proposta de recriar o distrito industrial busca "oferecer um espaço seguro para a realocação ou instalação de empreendimentos de pequeno, médio e grande porte, de modo que estes possam prosseguir com as atividades que já desenvolvem no município".
Ainda de acordo com Fontana, o novo ponto receberá toda a infraestrutura necessária para possibilitar os investimentos privados. "Hoje, o município não dispõe dos recursos [financeiros] necessários para custear sozinho toda esta empreitada, mas alguém vai ter de dar início a este trabalho que vai ser longo", destacou Zart. "Acredito que muitas pessoas já estão conscientes da necessidade de uma medida semelhante. Até porque ninguém merece viver com essa apreensão ou passar por algo assim. Algo que, na cidade, ocorreu mais de uma vez em meses. O que indica que poderemos ter a quarta, a quinta cheia", finalizou Zart.
Com ABR
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