Setor do aço pode perder US$ 1,5 bilhão em exportações
A tarifa de 25% sobre importação de aço e alumínio para os Estados Unidos terá impacto importante para o setor de metais ferrosos no Brasil, mas baixa repercussão na economia de modo geral. Estudo que acaba de ser publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimou que a tarifa pode gerar queda de 2,2% da produção, contração de 11,2% das exportações do metal e redução de 1,1% das importações. Isso significa que o Brasil terá perda de exportação equivalente a US$ 1,5 bilhão e uma queda de produção de quase 700 mil toneladas neste ano.
"Isso se deve ao fato de que os Estados Unidos são um mercado muito importante para o aço brasileiro. Em 2024, último dado de ano fechado que nós temos, eles foram destino de mais da metade das exportações. Portanto, é um mercado crucial de aço para o Brasil e daí a importância de se lidar com essa questão", explica Fernando Ribeiro, coordenador de Relações Econômicas Internacionais do Ipea e autor do estudo. Apesar da repercussão significativa para o setor, em termos macroeconômicos o impacto é baixo. O trabalho prevê queda de apenas 0,01% do PIB e de 0,03% das exportações totais, com ganho de saldo na balança comercial de US$ 390 milhões, já que a redução da atividade econômica também levará à redução nas importações (0,2%).
Para Ribeiro, a negociação é a melhor forma de o Brasil lidar com a questão. "O Brasil tem uma indústria siderúrgica bastante desenvolvida, bastante forte e que exporta, principalmente produtos semiacabados. É importante que o país busque algum tipo de negociação para o governo americano para reverter essa medida e impedir que isso possa trazer prejuízos para o setor", defende. A tarifa teria pequeno impacto sobre o PIB dos EUA (-0,02%), mas geraria quedas um pouco mais significativa do investimento (-0,4%), das exportações (-0,4%) e das importações (-0,6%), bem como o aumento de US$ 7,3 bilhões do saldo comercial – valor insignificante ante o déficit comercial de mais de US$ 1 trilhão no comércio de mercadorias.
Em termos setoriais, as importações norte-americanas de metais ferrosos teriam queda expressiva, de 39,2%, enquanto a produção doméstica teria aumento de 8,9%. As exportações se reduziriam em 5,3%. Outros setores produtivos no país também teriam queda de produção em função da tarifa, como máquinas e equipamentos (-1,1%), produtos de metal (-0,9%), equipamentos elétricos (-0,6%) e veículos e peças (-0,5%), como reflexo do aumento de custo de produção gerado pelo encarecimento do aço.
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