RS e SC apresentam queda brusca da produção industrial em março

Indústria gaúcha apresentou recuo de 20,1%. Santa Catarina teve retração de 17,9%
Pela primeira vez em oito anos, índice caiu em todos os 15 locais pesquisados

A pandemia de Covid-19 interferiu diretamente para a queda da atividade industrial do país na passagem de fevereiro para março, mostra a Pesquisa Industrial Mensal Regional, divulgada nesta quinta-feira (14) pelo IBGE. É a primeira vez em oito anos que todas as 15 localidades recuam, já que o estado do Mato Grosso entrou na pesquisa somente em 2012. O mais próximo desse resultado aconteceu em maio de 2018, com a greve dos caminhoneiros, que derrubou a produção industrial em 14 dos 15 locais.

"Os dados de março são efeitos diretos do isolamento social que afetou o processo de produção no Brasil", explica o analista da pesquisa, Bernardo Almeida. Ele lembra que, no formato antigo, com 14 locais, a única queda generalizada ocorreu em novembro de 2008, por consequência da crise financeira global.

Por concentrar mais de um terço (34%) da indústria nacional, São Paulo foi o local que mais influenciou para o resultado nacional de março (-9,1%), com queda de 5,4%. Essa foi a segunda taxa negativa do estado consecutiva, acumulando em fevereiro e março perda de 6,6%. Duas atividades contribuíram fortemente para essa queda: veículos, um dos setores que mais atua no estado, e bebidas. Também ajudaram a diminuir a média nacional os estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que apresentaram recuos de 20,1% e 17,9%, respectivamente. O Ceará, com queda de 21,8%, foi o local que apresentou a maior retração em termos absolutos, mas apenas o sétimo em termos de influência direta.

Também o Pará (-12,8%), o Amazonas (-11%) e toda a Região Nordeste (-9,3%) apresentaram recuos mais intensos do que a média nacional. Já Pernambuco (-7,2%), Espírito Santo (-6,2%), Bahia (-5,0%), Paraná (-4,9%), Mato Grosso (-4,1%), Goiás (-2,8%), Rio de Janeiro (-1,3%) e Minas Gerais (-1,2%) tiveram índices negativos abaixo da média do país.

Na comparação com março de 2019, a indústria teve queda de 3,8%, sendo que 11 dos 15 locais pesquisados mostraram resultados negativos. "As consequências da pandemia do novo coronavírus ficam ainda mais claras nessa comparação, já que o chamado 'efeito-calendário' foi positivo em março de 2020, que teve 22 dias úteis, três a mais que 2019", ressalta Bernardo.

Novamente, São Paulo influencia bastante o resultado, com 4,2% de queda. No estado, houve recuo em 14 das 18 atividades. A taxa negativa foi puxada principalmente pela queda da produção de automóveis e outros equipamentos de transporte, como a produção de aviões. Também contribuíram para o resultado negativo os estados de Santa Catarina (-15,6%), Espírito Santo (-14,2%), Rio Grande do Sul (-13,7%) e Ceará (-10,5%). Por outro lado, Rio de Janeiro (9,4%) e Bahia (5,8%) mostraram os avanços mais intensos na comparação de março de 2020 com março de 2019. No Rio de Janeiro, 10 das 14 atividades apresentaram crescimento. Paraná (1,6%) e Pernambuco (1,4%) tiveram aumento de produção em comparação com março de 2019.

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Sexta, 29 Março 2024

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