Redução de verbas do Sistema S poderá afetar gratuidade
Na visão de Glauco Côrte (foto), vice-presidente executivo para a região Sul da Confederação Nacional da Indústria (CNI), uma possível redução de verbas para o Sistema S vai afetar, na mesma proporção, a gratuidade dos cursos de capacitação oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Em dezembro, o hoje ministro da Economia, Paulo Guedes declarou que pretende horizontalizar os impostos, acabando com isenções e subsídios, cortando inclusive verbas do Sistema S, que deve sofrer redução em torno de 30%, podendo chegar a 50% dos repasses. O assunto tem sido debatido entre o governo federal e a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Neste ano, cerca de 70% dos cursos não são cobrados pelo Senai. Já no Serviço Social da Indústria (Sesi), esse índice poderá ser de até 35%. Atualmente, cerca de 3 milhões de alunos são atendidos pelo Sesi e pelo Senai em todo o território nacional. Os Sesis e os Senais do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul disponibilizaram 550 mil matriculas até novembro do ano passado. “Ao invés de discutir retirada de recursos, deveria existir uma mobilização para elevar o número de alunos dos cursos técnicos e profissionalizantes no Brasil”, opina Côrte. Atualmente, apenas 12% dos estudantes têm acesso aos cursos técnicos no país, enquanto na esse índice alcança 50% Alemanha.
Côrte também lembra que os industriais costumam contratar funcionários que foram qualificados pelo Sistema S. Alguns empresários, inclusive, relataram para o próprio Côrte que até poderiam abrir mais vagas, mas certas posições ainda carecem de cursos ainda mais qualificados, tendo em vista as novas tecnologias apresentadas pela Indústria 4.0. O termo passou a ser utilizado nos últimos anos para designar a integração de diversos tipos de tecnologias no processo produtivo. Entre elas estão a chamada internet das coisas; a coleta e o processamento de dados em larga escala – conhecidos internacionalmente como Big Data; a impressão 3D; a robótica avançada e a inteligência artificial.
O ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) reiterou que possíveis desvios de recursos devem ser combatidos. Por essa razão, Côrte lembra que o Sistema S é auditado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria Geral da União (CGU). Além disso, Sesi e Senai possuem conselhos que reúnem todos os meses para examinar os planejamentos estratégicos dessas entidades. Segundo ele, as contas também são auditadas por membros independentes, assim como a própria área interna. “O Sistema S oferece educação de qualidade que precisa ser preservada. Temos de buscar convergência de ideias e descartar medidas unilaterais que não oportunizam a discussão do tema”, evidencia Côrte, destacando que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o Senai como uma das três instituições de qualidade do Hemisfério Sul e que os alunos do Sesi obtiveram os melhores desempenhos no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
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