Produção de calçados deve cair mais de 25% neste ano

Segundo a Abicalçados, pesou para o quadro os efeitos da pandemia, especialmente no Brasil
As melhoras recentes têm auxiliado o incremento da capacidade instalada da indústria de calçados, hoje em 62%

Com uma queda produtiva de 30,9% entre janeiro e setembro, o setor calçadista vem experimentando uma recuperação nos últimos meses do ano, mas deve terminar o período 25% menor do que 2019. Essa é o cálculo feito por Priscila Linck, coordenadora de Inteligência de Mercado da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Ela explica que a queda dos nove meses equivale a 208 milhões de pares a menos, como se o setor tivesse ficado quase três meses inativo.

Segundo Priscila, pesou para o quadro os efeitos da pandemia, especialmente no mercado doméstico, que absorve mais de 85% da produção de calçados. "Assim como na economia em geral, os auxílios governamentais tiveram um impacto muito forte no comportamento do setor, de quase 30% sobre os crescimentos mensais, desde maio. Se não fosse esse impacto, estaríamos 36,8% abaixo dos resultados de janeiro e não 24,3% como estamos", informa a coordenadora.

As melhoras recentes tanto no comércio doméstico quanto internacional têm auxiliado o incremento da utilização da capacidade instalada da indústria de calçados, hoje em 62%. Em junho, ápice da crise, a utilização chegou a pouco mais de 30%. O impacto negativo no emprego também arrefeceu, embora o setor ainda tenha 14% menos mão de obra empregada do que em 2019. Desde o início do ano até setembro foram perdidos 25,8 mil postos. Por outro lado, Priscila destaca a recuperação no nível de empregos nos últimos meses. Entre julho e setembro foram criados quase 19 mil vagas, fechando o mês de setembro com 243 mil pessoas empregadas diretamente no setor.

Priscila lembra, ainda, o fato de que a produção brasileira de calçados caiu mais do que nos principais concorrentes. Na China, a retração ficou em 16% até agosto, na Índia 28,4% e no Vietnã 4,8%, enquanto a queda foi de 34,8%.no Brasil no mesmo período. "A concorrência irá acirrar em 2021, visto que estes países, ainda que com queda acumulada no ano, já retornaram aos níveis mensais de produção pré-pandemia", prevê.

Embora também tenham registrado um arrefecimento nas quedas, as exportações de calçados brasileiros também diminuíram entre janeiro e setembro. Nesse intervalo, a queda foi de 24,4% (para 64,5 milhões de pares). A estimativa é que o ano feche com um revés de cerca de 26%, fazendo com que o setor retorne ao patamar de 1983. Embora o impacto da Covid tenha se disseminado por todo o mundo, o mais forte foi nos Estados Unidos, que teve um revés de 15,4% no consumo de calçados (no mundo o revés foi de 13% e no Brasil de 29%, conforme projeções da entidade). Atualmente, os Estados Unidos são o principal destino do calçado brasileiro no exterior.

Para o ano que vem, Priscila estima que o setor, mesmo com crescimento da produção ante 2020 (tem torno de 20%), deverá ficar aquém dos resultados de 2019. "A queda ante 2019 deve ficar na média de 15%", projeta. Segundo ela, haverá um aumento da demanda interna e das exportações, especialmente favorecidas pelo valorização do dólar sobre o real, que torna os preços brasileiros mais atrativos no exterior.

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Sexta, 26 Abril 2024

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