Produção de automóveis tem nova queda pela falta de semicondutores

Marcopolo dará férias coletivas a partir de 23 de agosto em razão da falta de insumos
Estoques de automóveis nas concessionárias são os menores das últimas duas décadas

Pelo segundo mês consecutivo a produção de autoveículos recuou no Brasil, de acordo com levantamento mensal feito pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A queda é creditada às paralisações de algumas fábricas em função da falta de semicondutores, item que integra centenas de equipamentos eletrônicos dos veículos. Em julho, a produção total foi de 163,6 mil unidades, 2% a menos do que no mês de junho e 4,2% abaixo de julho de 2020. Foi a pior produção para um mês de julho desde 2003.

Justamente em função do impacto da falta de insumos na sua programação de produção, a Marcopolo anunciou nesta sexta-feira (6) que concederá férias coletivas aos funcionários das fábricas em Caxias do Sul (RS) e em São Mateus (ES) a partir de 23 de agosto. A unidade San Marino (RS) voltará a operar em 13 de setembro e as unidades Ana Rech (RS) e São Mateus (ES) retornarão em 22 de setembro. Os prazos de entregas dos ônibus estão sendo renegociados com os clientes. A Renault também informou que a produção na fábrica de veículos de passeio, no Complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR), segue suspensa até o dia 27 de agosto. de acordo com a multinacional francesa, não será possível o retorno da produção no dia 12 de agosto conforme previsto anteriormente, com o término das férias coletivas em vigor.

As dificuldades no ritmo de produção obviamente têm seus reflexos tanto nas vendas internas quanto nas exportações. O mês de julho teve 8 mil licenciamentos diários, pior média em 12 meses. O total de 175,5 mil unidades licenciadas representou queda de 3,8% em relação a junho. O recuo foi ainda mais dramático nas exportações, com 23,8 mil veículos enviados a outros países, volume 29,1% inferior ao do mês anterior.

"Há demanda interna e externa por um volume maior de veículos, mas infelizmente a falta de semicondutores e outros insumos tem impedido a indústria de produzir tudo o que vem sendo demandado, apesar dos esforços logísticos empenhados pelas empresas", Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade. "Os estoques de 85 mil unidades nas fábricas e nas concessionárias são os menores das últimas duas décadas, o que comprova a gravidade da situação", complementou o dirigente, lembrando que não há previsão de normalização no fornecimento de semicondutores até meados de 2022. O estoque atual é de 15 dias, o menor desde 1999, quando a associação iniciou a fazer essa estatística.

A situação é especialmente delicada para os fabricantes de automóveis, em função dos maiores volumes de produção necessários para abastecer o mercado. De acordo com o dirigente, a possibilidade da falta de energia poderá trazer sérios problemas para as montadoras. "Se faltar, não tem como. O governo cogita movimentar os períodos de pico para outros horários, mas será um desafio enorme para a cadeia automotiva. Precisamos ter alguma sorte na crise hídrica", declarou.

O segmento de caminhões, em contrapartida, vem sofrendo de forma mais amena esses impactos negativos, embora também tenha seus percalços e poderia ter desempenho ainda melhor. Em julho a produção foi de 14,8 mil unidades, alta de 1,1% sobre junho. Já os licenciamentos totais de 12 mil caminhões foram 5,3% superiores aos do mês anterior.

Moraes também apresentou dados que mostram que mesmo com a baixa oferta para tanta demanda, os preços dos automóveis e comerciais leves cresceram em média 8,3% nos últimos 12 meses, segundo acompanhamento da KBB, multinacional especializada em preços de carros. Esse índice é bem inferior ao da inflação do período, que foi superior a 35%, de acordo com o IGP-M. É menor também que a valorização dos veículos seminovos em 12 meses (cerca de 17% pelo índice KBB, consultoria responsável pelo levantamento desses indicadores) e dos insumos que impactam o custo de produção, como resinas e elastômeros (109%), siderurgia (84%) e plásticos (43%), entre outros medidos pelo IBGE.

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Quarta, 08 Mai 2024

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