Para o novo presidente da Fiep, há oportunidades em todas as regiões
A partir de outubro, Edson José de Vasconcelos, 46 anos, assumirá a presidência da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) para o quadriênio 2023-2027. Nesta entrevista exclusiva concedida ao Portal AMANHÃ diretamente de Cascavel, Vasconcelos reiterou aquela que será uma das suas principais bandeiras: trabalhar por uma política industrial que favoreça o estado inteiro, de modo a regionalizar novamente a federação. Outra providência será a atração de novas indústrias para o Paraná, principalmente as existentes nas cadeias intermediárias. Confira.
Quais serão as principais bandeiras de sua gestão?
A grande bandeira centraliza, na verdade, todos os tópicos em defesa da indústria, de modo que possamos contribuir para que a política industrial seja conhecida e divulgada para fazer com que o setor aumente sua competitividade. Também queremos trabalhar para atrair novas indústrias para o Paraná. Para tanto são vitais alguns itens, como oferecer energia barata, melhores acessos aos parques industriais e trabalhar pela desburocratização.
E como será o diálogo com o governo paranaense?
Mais do que o próprio estado, queremos manter um relacionamento propositivo com as três esferas de poder, incluindo os municípios. Queremos sensibilizar o governo da importância do segmento industrial. Acreditamos que teremos esse entendimento coletivo e todos vestiremos a camisa do estado.
Como o senhor pretende atuar com a bancada do Paraná em Brasília? Quais demandas terão prioridade em seu mandato?
Sempre levando em conta as prioridades da defesa da indústria, será um relacionamento profícuo que amadurecerá ao longo do tempo com as bancadas. Será necessário demostrar a importância da regionalização industrial tendo uma simbiose entre os deputados e uma boa sinergia com o Legislativo.
Em seu primeiro pronunciamento à imprensa, o senhor destacou justamente a importância de desenvolver a indústria do interior do Paraná. Pode antecipar mais detalhes sobre essa estratégia?
Uma das primeiras providências é fazer com que o empreendedor se motive e também esteja apto a exercer sua vocação. Temos de trabalhar oportunidades que existem nas diferentes regiões do Paraná, principalmente na indústria intermediária, pois o estado não produz determinados tipos de equipamentos, por exemplo. O polo moveleiro de Arapongas é um bom case, pois no início a região recebia determinados insumos vindos de fora. Hoje, no entanto, os fornecedores estão se instalando em torno dessas cidades. As indústrias locais têm de ver essas oportunidades. Os prefeitos devem ajudar com um bom plano diretor, um bom código tributário municipal, enfim, para dar condições para que novas indústrias se instalem. Naturalmente que muitos municípios dependem do comércio e dos serviços, mas o poder da indústria agregar valor é enorme, pois pode fomentar recursos de fora via exportação. A indústria responde por 70% das exportações brasileiras. Em nossa gestão percorreremos todo o estado com fóruns para debater localmente a indústria para, ao final do ano, reunir todos na capital para fazer uma proposta de futuro.
O atual governo federal pretende atuar pela neoindustrialização do país. A indústria paranaense, na sua opinião, já está neste caminho?
Percebo que esse conceito diz respeito à atuação sustentável por parte das empresas, seja, por exemplo, por meio do uso de energias renováveis. Acho que a indústria deve ver valor nisso não deixando de fazer uma interface com os segmentos do comércio e dos serviços. O Paraná é um estado privilegiado por ter uma fronteira agrícola já consolidada e que valoriza a sustentabilidade. Temos Itaipu, a maior usina em geração do mundo com um parque energético muito grande. As multinacionais já perceberam e já têm boas práticas em sustentabilidade. Toda cadeia industrial precisa perceber essa oportunidade e apostar nisso como algo que dará valor agregado. Essa consciência industrial se contrapõe aos processos burocráticos que diminui o apetite das empresas em sustentabilidade.
O Paraná se destaca pela presença de um cooperativismo vigoroso e as cooperativas têm industrializado sua produção. Como o senhor avalia os resultados desse esforço do agronegócio para agregar valor às commodities?
Aqui mesmo em Cascavel já vimos duas realidades muito diferentes. Há pouco tempo atrás perdíamos parte da safra nas estradas [pois caminhões transportavam grãos] e hoje contamos com contêineres refrigerados levando proteína animal até os portos. O cooperativismo beneficiou a vocação local que incialmente era extrativista primária. Hoje, das dez maiores cooperativas brasileiras, seis estão sediadas no Oeste paranaense. Precisamos aproveitar essa vocação e seguir lutando pela competividade que agrega valor à cadeia industrial.
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