Primeiro dia de South Summit aborda ESG, inovação e disrupção

Para alcançar a sustentabilidade dentro de uma empresa, é preciso que ela comece alterando seu propósito
Mais de 20 mil pessoas devem passar pelo Cais Mauá, onde ocorre o South Summit Brazil

Começou nesta quarta-feira (29), na capital gaúcha, a segunda edição do South Summit Brazil. O evento, que promete receber mais de 20 mil pessoas no Cais Mauá até sexta-feira (31), começou seu primeiro dia com os temas de ESG, inovação e disrupção como fios condutores, apresentados por nomes de peso como Luiza Helena Trajano, da Magazine Luiza; Nathalia Arcuri, criadora do canal Me Poupe!; Carlo Pereira, CEO do UN Global Compact; e muitos outros. Confira, a seguir, os destaques do evento, selecionados pela Redação de AMANHÃ.

Da necessidade ao impossível
Abrindo o dia de painéis, Luiza Helena Trajano, fundadora da rede de lojas de varejo Magazine Luiza, ao lado de Veronica Allende Serra, founding partner do Innova Capital, defendeu que o Brasil "é um país que tem tudo para dar certo." Apesar disso, foi contra a política de juros do Banco Central, que manteve a taxa Selic em 13,75% na semana passada. "O juro tem de estar alto quando temos excesso de consumo", ressaltou, além da importância de garantir "condições iguais de concorrência" com os chineses, quando perguntada sobre empresas como Shopee e Shein. Quanto aos critérios para selecionar talentos como líder de uma das maiores varejistas do mundo, Luiza ressaltou que tem apenas um: "A pessoa precisa querer. Isso é o que realmente importa quando se busca talentos", aconselhou. Um dos programas que ela mais se orgulha de ter implementado na Magazine Luiza foi o de trainee para negros, que, ela relembra, foi alvo de muitas críticas. "Mas foi um sucesso, expandimos para o Brasil inteiro", celebra.

Inovando para um mundo melhor
Para alcançar a sustentabilidade dentro de uma empresa, é preciso que ela comece alterando seu propósito. Foi isso que Carlo Pereira, CEO do UN Global Compact Brazil, e Rodrigo Figueiredo, VP Procurement and Sustainability at Ambev, defenderam durante o painel How Innovation Teams Drive ESG Solutions. A dupla ressaltou a importância de utilizar a inovação para criar soluções ESG, que, no ambiente atual, são indispensáveis. "O capitalismo de shareholders ficou para trás, e o atual é muito mais complexo. Temos [de pensar na] sociedade, consumidores, funcionários. A empresa que não entendeu isso já morreu e não sabe", alerta Figueiredo.

Para Pereira, as empresas sempre existiram para resolver problemas da sociedade, e devem seguir fazendo isso frente a esses novos desafios. "Principalmente depois das crises de petróleo da década de 1970, entrou uma ordem econômica de maximização de lucros total, a primazia dos acionistas. A outra crise financeira de 2008 deu uma paulada nesse tipo de capitalismo e mostrou que, daquela maneira, não dava mais. E aí várias instituições que representavam esse capitalismo mais agressivo se colocaram e falaram que assim não dá", relembra. "Onde queremos chegar? À emissão zero de carbono, sem deixar ninguém para trás. Para isso, temos que inovar muito."

Foi pensando nisso que a Ambev desenvolveu uma série de iniciativas para alcançar cinco grandes metas de sustentabilidade, que havia estabelecido já em 2017. "Acredito que a gente acertou em estimular a inovação conectada com as principais necessidades do negócio. Temos inovação na tecnologia, em novos produtos, e quando assumimos o desafio da sustentabilidade, sonhamos grande com metas e objetivos claros. Não tínhamos todas as soluções, então chamamos grandes parceiros fornecedores para estimular inovações, como nossa frota de caminhões elétricos, e estimular startups a fazerem negócio com a gente", exemplifica Figueiredo. Uma das apostas da empresa foi não criar uma área específica de sustentabilidade, e, sim, times com metas de sustentabilidade, garantindo que essa preocupação esteja presente em toda a empresa.

Quem depende, não aprende
A Tech Girls, fundada pela curitibana Gisele Lasserre em 2017, atua na educação da informação e tratamento do lixo eletrônico, capacitando mulheres para atuarem na área da Tecnologia da Informação por meio de ensino de software, hardware, comércio eletrônico e arte, reciclando lixo eletrônico. "Quem depende, não aprende", enfatizou a CEO durante seu painel no South Summit. Por isso, a Tech Girl se propõe a ser uma porta de entrada para que as mulheres percam o medo de lidar com informática. "Nós resolvemos o problema das mulheres com baixa formação na área de tecnologia e as conduzimos para se tornarem programadoras de software. Primeiro, vivenciam o que é um computador, conhecendo as peças; depois elas vendem essas peças produzidas em sala de aula para manutenção de notebooks; e depois entra a etapa da programação efetivamente", explica.

Empresas de grande porte vem procurando a Tech Girls para projetos específicos, como a reforma de computadores do Grupo Boticário. A startup já está presente em Curitiba (PR), Florianópolis (SC) e Taubaté (SP), onde já existem pessoas interessadas em replicar o modelo. A ideia rendeu à iniciativa de Gisele um prêmio de startup mais popular do Paraná, sendo a que mais recebeu votos entre as 24 selecionadas para as disputas das trips eliminatórias da competição.

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Terça, 03 Dezembro 2024

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