Litoralização coloca modelo de desenvolvimento de Santa Catarina em xeque
Os indicadores econômicos catarinenses superam sistematicamente a média nacional e isso se reflete na qualidade de vida dos que aqui vivem. Na origem disso está a coesão social encontrada nas nossas comunidades, que, por sua vez é influenciada pela imigração ocorrida nos séculos 19 e 20, que industrializou o estado de forma particular em cada região. Com a industrialização brasileira, essas especializações regionais impulsionaram empresas a se tornarem líderes nacionais e internacionais em seus segmentos. Foi assim que Santa Catarina se consolidou como um estado mais industrializado, desenvolvido e regionalmente equilibrado.
Esse modelo, no entanto, está em xeque! Há décadas está em curso um processo de litoralização, que se acelerou na última década, como confirmam os dados do mais recente censo do IBGE. Esse processo vem sendo definido por um fluxo migratório dentro do estado e pela migração de outros estados e países. Santa Catarina tem recebido, de braços abertos, trabalhadores em suas fábricas, bem como aqueles que querem desenvolver novos negócios ou desfrutar da aposentadoria, especialmente em nossas belas cidades litorâneas.
Contudo, a velocidade desse processo sugere que, caso nada seja feito, nosso desenvolvimento regionalmente harmônico logo poderá se transformar numa lembrança longínqua. As regiões Oeste, Serrana e Planalto Norte vêm assistindo perda absoluta de habitantes, enquanto algumas cidades litorâneas mais do que dobraram sua população em 12 anos.
É possível, e desejável, contrabalancear essa tendência. Investimentos em infraestrutura, pauta exaustivamente levantada pela Fiesc, são, obviamente, elemento essencial. Mas, além disso, há que se pensar também em priorizar essas regiões nas políticas de incentivos fiscais e financeiros. Investimentos produtivos, especialmente os do setor industrial, impulsionam todos os segmentos, geram postos de trabalho e irradiam desenvolvimento econômico e social.
Em vez de sobrecarregarmos ainda mais a já comprometida infraestrutura no litoral, garantiríamos para o futuro a manutenção de nossa histórica diversificação e distribuição regional da riqueza. Não se trata de um debate novo. Mas os dados provam que ele precisa ser retomado.
*Presidente da Fiesc
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