Estudo revela os desafios para o RS avançar na inovação
Presente entre os estados com maior capacitação acadêmica e de participação bem acima da média nacional em termos de programas de pós-graduação considerados de excelência, o Rio Grande do Sul registrou, nos últimos anos, um crescimento importante no número de parques tecnológicos em operação. Mas o desenvolvimento de inovações segue sendo um desafio importante para um Estado que precisa aumentar sua competitividade na comparação com outros centros industrializados, em especial por parte de investimentos das empresas em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias. Há um risco de diminuição no dinamismo da economia gaúcha se não houver um fortalecimento do sistema de inovação do RS.
Estes são alguns dos indicativos de um estudo inédito lançado nesta segunda-feira (9/3) com o objetivo de apurar a evolução dos indicadores das capacitações em ciência e tecnologia (C&T) do sistema de inovação gaúcho. Desenvolvida por uma equipe de pesquisadores do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), a pesquisa "Análise de Indicadores das Capacitações Científicas e Tecnológicas do Rio Grande do Sul" teve a colaboração da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) e foi apresentada em evento no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS, em Porto Alegre.
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Um ponto de alerta é a taxa de matrículas em cursos de graduação no grupo STEM (junção dos termos em inglês para ciências, tecnologia, engenharia e matemática). Mesmo em crescimento nos últimos anos, neste quesito o Rio Grande do Sul fica abaixo dos estados mais industrializados e numa distância maior ainda na comparação a países com destaque na economia mundial. "O desempenho na nossa formação STEM precisa ser melhorado, pois pode gerar falta de profissionais qualificados para as empresas, afetando negativamente a sua competitividade, em particular no contexto da indústria 4.0", alertou o pesquisador Rodrigo Morem, que atuou na elaboração do estudo.
A pesquisa revela que a participação dos programas de pós-graduação em nível de excelência acadêmica coloca o Estado entre os três melhores no panorama dos mais industrializados do país (abaixo de São Paulo e Rio de Janeiro). Neste universo, algumas das universidades gaúchas igualmente figuram entre as melhores do país nas áreas de conhecimento vinculadas ao desenvolvimento de tecnologias, com destaque majoritário às instituições federais. No entanto, a faixa líquida de alunos matriculados nos cursos de graduação nestas áreas de formação (STEM) coloca o Rio Grande do Sul abaixo dos estados das regiões Sul e Sudeste, ficando mais próximo do patamar de unidades com baixa atividade industrial. "Um sistema de inovação compreende diferentes atores, e todos precisam atuar suas capacitações nas atividades de ciência e tecnologia", acrescentou Morem.
Nova economia
Após apresentar a lista das maiores corporações globais pelo valor de mercado, evidenciando com dados que o mundo mudou e, consequentemente, a economia, o titular da Sict, Luís Lamb, fomentou a reflexão dos presentes. "Quero deixar uma provocação, um desafio: quais são as métricas para o século 21? Como a nova economia deve ser medida? Afinal, de acordo com alguns dos principais economistas modernos, continuamos usando o PIB, um indicador de 1930, para mensurar produtividade enquanto deveríamos medir conhecimento e quanto esse conhecimento gera riqueza para o Rio Grande do Sul e para o Brasil", afirmou Lamb, reforçando que essa medida será subsídio para políticas públicas.
A pesquisa da equipe do DEE aponta que os investimentos das empresas gaúchas em atividades de inovação têm um perfil similar à média nacional. Os gastos majoritários (47,3%) são na aquisição de máquinas e equipamentos e apenas 30% em atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Neste aspecto, o Rio de janeiro difere do perfil dos demais estados muito em decorrência das atividades de P&D da Petrobras, observou o pesquisador. As empresas industriais daqui, porém, apresentam percentuais menores de profissionais com pós-graduação ocupados nas atividades de P&D: 5,1%: em 2014, se comparadas com a média nacional, de 7,4%, ou com a de São Paulo, de 7,7. Esse é um aspecto a ser melhorado no sistema de inovação do RS, para elevar a competitividade da indústria gaúcha.
Nos últimos cinco anos, o Rio Grande do Sul saltou de três para 14 parques tecnológicos em atividade. No segmento, 34,4% dos profissionais empregados têm graduação (perde apenas para empresas de serviços em TI, com 52,1%). Porém, nestes centros de excelência a presença de pós-graduados (4,3%) é, em média, duas vezes superior a setores como serviços intensivos em conhecimento (1,8%), serviços de tecnologias da informação (1,7%) e indústria de eletrônicos e TICs (1,5%).
O estudo identificou que existe um grande potencial para ampliar o número de empresas residentes e startups. No levantamento mais recente e que foi incluído no trabalho, o setor de parques tecnológicos emprega mais de 10 mil pessoas em cerca de 300 empresas (majoritariamente atuando no desenvolvimento de software e em indústrias de alta e média intensidade tecnológica).
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