Epitáfio
O professor de um colégio norte-americano foi demitido, semanas atrás, depois de pedir que seus alunos redigissem o próprio obituário. A intenção declarada era fazer com que os estudantes refletissem sobre os ataques a tiros em escolas do país e "ajudá-los a compreender o que é importante em suas vidas". A atividade não foi lá muito bem aceita e resultou na saída do docente, mas é bastante inspiradora, especialmente para o mundo dos negócios (matéria completa aqui). Por quê? Ora, porque exercícios semelhantes ao proposto pelo professor deveriam ser comuns antes de colocar em prática campanhas de marketing, novos empreendimentos, mudanças gerenciais e tudo mais que faz parte do cotidiano das organizações. É o que poderíamos chamar de "análise pré-mortem". A técnica consiste em listar os potenciais problemas que podem levar uma ideia a naufragar: questões operacionais, incompreensão das pessoas, respostas dos concorrentes, custos elevados etc. Arrolados os óbices todos, fica mais fácil se prevenir.
O estratagema não é útil apenas para aquilo que está por vir, mas também para o que já existe e merece ser repensado de tempos em tempos. O empreendedor Marc Andressen, fundador da Netscape, disse que mantinha "uma lista de dez ameaças mais graves à empresa (...) Chama-se 'dez razões pelas quais iremos falir'. (...) Assim, perguntamos a nós mesmos: se acabarmos fracassando, qual será a razão?". Outro empresário, Mark Cuban, aconselha: "Sempre se pergunte como alguém poderia superar seu produto ou serviço. Como podem levá-lo à falência? Pelo preço? Pelo serviço? Pela facilidade de uso?" ('Adapte-se ou morra', p. 152 e 173, respectivamente). Se tudo isso parece meio exagerado, não nos esqueçamos da clássica proposição de Andy Grove, fundador da Intel: só os paranoicos sobrevivem. Ou da famosa música dos Titãs, que dá título a este post, para que nenhum empresário, quando confrontado com a iminente derrocada de um empreendimento, fique se lamentando: "devia ter investido menos, complicado menos...ter visto o sol se pôr".
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