Coronavírus: como criar uma governança de crise em quatro passos
Com o avanço do novo coronavírus, a recomendação de isolamento social transformou os hábitos de consumo e a dinâmica da economia. Segundo levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) realizado em março, mais de 30% das empresas já sentem os efeitos da pandemia em seus negócios – e para a indústria, o impacto já chegou a 43% das companhias.
A tendência é que esses números sejam ainda maiores com o passar das semanas. Por isso, preparar-se para enfrentar a crise é inevitável para que as organizações sobrevivam ao período de turbulências. AMANHÃ consultou a advogada Juliana Biolchi, sócia-diretora da Biolchi Empresarial, consultoria especializada em crise de empresas e melhoria de performance. A especialista elencou quatro passos para que empreendedores e gestores adotem uma governança de crise. Confira:
Criar um conselho de crise
Nessa etapa, segundo Juliana, é necessário que o gestor da empresa monte um grupo responsável pela tomada de decisões. "É preciso definir bem quem participará e quais as atribuições de cada um", indica. O conselho deverá montar um painel com os principais indicadores a serem monitorados – e, a partir disso, criar um plano de contingência. Também deve centralizar a comunicação com os diferentes stakeholders da empresa.
Elaborar um plano de contingência
É preciso listar as ações que serão executadas para minimizar os impactos da crise. Nesse ponto, é necessária uma atenção especial ao caixa da empresa. Mapear entradas que correm o risco de não se concretizarem, traçar cenários de redução de receita, programar inadimplências e fazer um "colchão" financeiro são algumas das ações recomendadas. Reduzir todos os custos possíveis e, eventualmente, desligar os profissionais que não são indispensáveis também fazem parte do plano.
Realizar o acompanhamento
De nada adianta montar um grupo de trabalho e elaborar um plano se ele não é executado no dia a dia. São necessárias reuniões diárias para monitorar o painel de indicadores e as mudanças em curso. A sócia-diretora da Biolchi Empresarial aponta: "é preciso revisar os dados, as ações e os efeitos buscados e alcançados para corrigir a rota e, se necessário, cobrar ações dos responsáveis".
Avaliar os impactos e o pós-pandemia
Contida a fase aguda, é preciso começar a pensar a empresa do pós-crise. Cada setor terá suas próprias dores, mas todos serão, de alguma forma, transformados. Um novo normal terá início e, para ele, uma nova empresa deve surgir. Mas, e se os impactos da crise forem tão fortes a ponto de o caixa não aguentar? Nesse caso, pode-se lançar mão de instrumentos de proteção legal. A Lei 11.101/2015 prevê a recuperação judicial e a extrajudicial – que, se aplicadas no momento certo, podem ajudar a reverter a crise.
Orientações
Buscando orientar os empreendedores nas tomadas de decisão, a Biolchi Empresarial criou o Observatório da Crise, um site especial que concentra conteúdos para auxiliar os negócios neste momento difícil. Preparado pelos consultores do escritório, o material traz boletins com informações legais atualizadas em quatro áreas: tributário, bancário, regulação e trabalhista. Além disso, posts diários reúnem análises sobre diferentes aspectos da crise ocasionada pela Covid-19.
Um dos destaques do Observatório é o e-book "Como lidar com a crise da COVID-19 na empresa", que detalha as quatro orientações passadas por Juliana Biolchi. "Não há alternativa senão encarar as consequências e atuar para mitigar os efeitos da pandemia. As organizações precisam estar preparadas para agir neste cenário tão nebuloso", ressalta Juliana.
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