Keko comemora saída da recuperação judicial com crescimento de 170% no período

A previsão agora é faturar R$ 360 milhões neste ano e concluir, no biênio 2024/2025, um investimento de R$ 30 milhões em tecnologias e na expansão fabril
Leandro Scheer Mantovani, presidente executivo, e Lucas Bertuol, gerente administrativo-financeiro, conduziram o processo de recuperação da Keko Acessórios junto com a equipe que hoje soma quase 500 funcionários

Se 2018 ficou marcado como o ano da maior e mais desafiadora crise já enfrentada pela líder brasileira em personalização automotiva Keko Acessórios nas suas quase quatro décadas de existência, 2025 entra para a história da companhia como o ano de celebrar um dos seus maiores feitos: a saída do processo de recuperação judicial deflagrado em setembro de 2018, quando precisou recorrer à medida para renegociar dívidas que alcançavam R$ 75,5 milhões. Com sede em Flores da Cunha (RS), a Keko nasceu em 1986, fruto do empreendedor Leandro Scheer Mantovani e seu pai Henri Mantovani, que enxergaram potencial para o mercado de personalização de picapes e veículos leves no Brasil. Atualmente, a marca é reconhecida em mais de 45 países nos cinco continentes e fornece para 12 montadoras.

A empresa sempre foi operacionalmente saudável e vinha em um ritmo de crescimento médio de 20% ao ano. Em 2009, iniciou o projeto de um grande investimento em uma planta fabril modelo em Flores da Cunha. O investimento chegou a R$ 100 milhões ao longo dos seis anos seguintes – a maior parte financiado. Esse aporte de recursos estava planejado para acompanhar o modelo de crescimento do negócio, no entanto o custo do endividamento teve um salto com o avanço da taxa Selic de 7,5% para 14,5% no período. De 2015 a 2018, a Keko fez diversas tentativas de negociações coletivas com os bancos tendo auxílio de renomadas consultorias Big Four como a KPMG, sem êxito. Com isso, a empresa foi ficando bastante pressionada. A greve dos caminhoneiros, em 2018, agravou ainda mais os problemas. A gota d´água foi o cancelamento de um projeto com uma montadora, que resultou em uma redução de receita de R$ 20 milhões.

"Esse fato culminou na decisão estratégica de entrar com a medida jurídica de recuperação", recorda o presidente executivo Leandro Scheer Mantovani. O empresário destaca a conduta que a Keko tomou a partir desta decisão, utilizando transparência com todos os stakeholders. "Nossa preocupação foi conversar primeiro com todos os 420 funcionários que estavam conosco na época, para reforçar nosso compromisso com o cumprimento das obrigações, o pagamento de salários e a preservação dos empregos. Também visitamos e conversamos pessoalmente com clientes e fornecedores estratégicos. Isso foi primordial para restabelecer os acordos e, apesar de termos entrado em recuperação judicial, não perdemos a credibilidade e a confiança do mercado", recorda.

Como a Keko saiu da crise
Desde 2015, a empresa opera com a "sala de crise" e ela foi essencial durante o processo de recuperação. Apoiada por outros mecanismos, não só ajudou a buscar soluções para os problemas críticos e superar os desafios, como também auxiliou para que a Keko chegasse bem e fortalecida em períodos conturbados como a pandemia do Covid-19, deflagrada em 2020, e a enchente no Rio Grande do Sul, em maio do ano passado. Uma das primeiras medidas adotadas na recuperação foi implantar uma gestão mais horizontalizada. A retirada de camadas de gestão aproximou o comando da empresa, o que deu agilidade e velocidade nas decisões e nos processos. A gestão começou a participar do 'guemba', ferramenta do Lean Manufacturing que significa 'onde as coisas acontecem na empresa'. Paralelo a essa medida, foram implementadas melhorias internas com a reestruturação e o enxugamento dos projetos e processos internos, o que também contribuiu para dar mais agilidade e velocidade à produção e a todo negócio.

Outra frente de trabalho foi a inovação, área em que a Keko fez um movimento grande para restabelecer projetos e promover a qualificação do mix de produtos. O foco passou a ser lançamentos de acessórios diferenciados e com alto valor agregado, que ajudaram a alavancar o crescimento. Nos últimos dois anos, houve inúmeros lançamentos expressivos no segmento de picapes e a Keko conseguiu acompanhar esse processo de renovação do mercado e ganhar vários desses projetos junto às montadoras. Investimentos em automações e tecnologias, reorganização mercadológica com a reestruturação da força de vendas potencializando os diversos canais (montadoras, varejo e exportações) e a retomada mais recente dos investimentos em marketing fazem parte das ações da companhia para arrumar a casa. Outra medida austera foi a implantação de um planejamento financeiro e tributário, o que possibilitou transformar 80% da dívida de curto prazo para o longo prazo. "Todas essas iniciativas foram determinantes para tornar a empresa mais competitiva e mais saudável. Conseguimos atingir mais volume e, com isso, os custos fixos foram diluídos e, assim, alcançamos o ponto de equilíbrio financeiro. Aprendemos a operar com sustentabilidade financeira nos últimos cinco anos", afirma Lucas Bertuol, gerente administrativo-financeiro.

Na pandemia a Keko também aprendeu outra importante lição: descobriu o mercado virtual e as vantagens de atuar neste canal. Ter presença forte no digital aumentou a proximidade da marca com os consumidores finais, fazendo com que eles buscassem, inclusive, os produtos Keko nas lojas físicas. Com isso, intensificou-se o pós-venda e o prolongamento da vida útil dos produtos, o que contribui e impacta na sustentabilidade do planeta. Esse movimento contribuiu para a retomada da marca própria, que hoje representa 25% da receita no mercado interno e nas exportações. O presidente executivo reforça que o processo de recuperação judicial teve o seu ponto positivo, que foi provocar e promover o amadurecimento de toda a empresa. "Foi uma jornada de valorização, transformação e crescimento da equipe. As pessoas aprenderam a trabalhar na escassez e a focar em resultados, o que foi muito positivo e uniu mais o grupo", avalia.

Desde 2021, a Keko vem superando os resultados planejados. Somente no último ano, cresceu 25% e nos últimos quatro mais do que dobrou de tamanho. Durante o período de recuperação, que se estendeu por pouco mais de seis anos, a companhia cresceu 170%. O faturamento, que beirava os R$ 130 milhões em 2018, deve chegar a R$ 360 milhões em 2025 – um salto de 8% sobre o último exercício. O número de funcionários também aumentou, chegando hoje próximo a 500 empregos diretos. A empresa conseguiu renegociar o endividamento para o longo prazo e, com o crescimento e resultado, finalizou 2024 com uma relação dívida EBTDA de 2,4x. No biênio 2024/2025, estão previstos investimentos na ordem de R$ 30 milhões, alocados na ampliação da estrutura fabril, que ganhará mais 3,5 mil metros quadrados de área construída que se somarão aos atuais 25 mil metros quadrados, e na aquisição de novos equipamentos e tecnologias, como laser tubo, laser chapa, prensa, dobradoras e centro de usinagem, entre outros.

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Quarta, 12 Fevereiro 2025

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