K1 e o dom de “saber levantar”
Às vésperas de completar 25 anos no mercado moveleiro, o Grupo K1 é a principal referência do segmento na América Latina. Mas nem sempre foi assim. A história da empresa, que começou como uma tendinha que vendia artesanato ao lado da fábrica onde os sócios trabalhavam, poderia ter sido interrompida de maneira precoce com a quase falência que enfrentaram no início de 1995, quando levaram um calote de um cliente. Na época, a tendinha já havia se transformado num chalé de madeira em Salvador do Sul (RS) e valia US$ 40 mil, mas perdeu mais da metade do caixa (US$ 28 mil). Foi aí que os então sócios Carlos Sost e Celso Theisen contaram com a ajuda de Oscar Sost, pai de Carlos. A venda de um sítio e outros terrenos pelo montante de US$ 20 mil o transformou no terceiro sócio no grupo, que, hoje, conta com um faturamento de aproximadamente R$ 600 milhões. "A vida é feita de tropeços, temos de saber levantar", aconselhou Theisen, em entrevista a AMANHÃ. Juntando isso a estar no lugar certo, na hora certa, tem-se a receita para uma empresa que, hoje, exporta seus produtos para 47 países em todos os continentes e emprega quase 2 mil pessoas.
Para a K1, o ano começou com perspectivas muito positivas. A expectativa, em janeiro, era de um ano de grande crescimento. No final de março, com a chegada do coronavírus no Brasil, as metas foram redesenhadas e as expectativas caíram em até 30%, com a possibilidade de uma queda ainda maior. Outro fator que ainda dificulta o total reestabelecimento do setor é a falta de matéria-prima. Em abril, a companhia faturou apenas 15% em relação ao mesmo período no ano passado. Em maio, 40%. Mas a maneira com que os consumidores passaram a vivenciar a pandemia e a valorizar o lar influenciou, de maneira ainda mais inesperada, uma virada no cenário. Em junho, venderam ainda mais do que no ano passado. A demanda reprimida fez com que os índices se superassem no período. O crescimento seguiu em julho e, em agosto, o grupo teve o seu melhor mês na história. "Não sei se fomos abençoados, mas, mais uma vez, fomos contemplados para dar a volta por cima", brinca Thiesen, em um paralelo que evidencia a habilidade do grupo em se recuperar.
O vice-presidente da K1 conta que o mês de abril foi praticamente dedicado a olhar para dentro. "A crise te bota no lugar. A gente repensa a empresa, reduz custos", defende. Boa parte dos brasileiros fez o mesmo dentro de casa. "As pessoas começaram a avaliar os móveis, ver o que estava caindo, desbotando. Aqui [em Tupandi, RS, sede da companhia] isso aconteceu nitidamente, [a valorização de] material de construção e agora móveis. As pessoas não viajaram, não estão indo em restaurante, não foram para o shopping, então gastaram em casa", avalia. Foi uma mudança importante para o segmento, que vinha sofrendo uma desvalorização desde 2015.
Em um cenário ainda completamente alheio ao de boa parte das empresas e segmentos, algumas mudanças que vêm sendo implementadas pelo grupo visam a um futuro ainda mais promissor. A transformação da empresa de limitada para S/A foi feita com objetivo de transparência junto às instituições financeiras. Ainda estão sendo analisados outros passos importantes para seu crescimento, como um possível investimento na região Nordeste, o segundo maior mercado da K1 atualmente, ocupando em torno de 19% da participação. A intenção é tornar a logística menos onerosa, já que isso representa 15% do preço do produto. Além disso, para comemorar os 25 anos, o grupo criou uma assistente virtual, a Ka, que vai revolucionar a parte eletrônica da empresa atendendo consumidores, montadores e quem mais tiver dúvidas.
Dentre as marcas da companhia estão a Kappesberg, presente em mais de 35 mil pontos de vendas, e a UZ Utilidades, com cerca de 25 mil pontos de vendas, segundo maior faturamento e o mais rentável de todos. A My Home conta com 33 franquias e 12 lojas multimarcas. Já a Idélli Ambientes, especializada em móveis planejados, possui 31 franquias no Brasil, uma no Paraguai e outra nos Estados Unidos – mercado que o grupo também estuda investir mais fortemente nos próximos anos.
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