Internacionalização marca ano da Dinamize
Antigo complexo industrial logo abaixo da Ponte 25 de Abril, em Lisboa, o LxFactory é um dos destinos mais badalados da capital lusitana. Lojas autorais, restaurantes exclusivos e cafés de torrefação artesanal estão lado a lado. Logo ali, também está o escritório da Dinamize em Portugal. A empresa promoveu no local um encontro para celebrar o ano e reunir o ecossistema de inovação que participa da Web Summit. O diretor executivo Jonatas Abbott (foto) conversou com a equipe de AMANHÃ para falar sobre o processo de internacionalização e os insights que esse tipo de evento estimula.
Por que a Dinamize está em Portugal?
Quando desenvolvemos o nosso software capaz de competir globalmente, ele naturalmente foi sendo exportado. Aí surgiram oportunidades em Portugal, Estados Unidos e Inglaterra. Temos clientes em 22 países. Portugal foi tão bem que resolvemos comprar a franquia daqui. A partir de Portugal, temos clientes, por exemplo, na Espanha e em Angola. Surgiram muitas oportunidades.
Dentro do mercado da empresa, que tendências estão se destacando?
Uma tendência, em especial, é a automação de marketing. Ela caiu na graça das empresas e é uma tendência tanto no Brasil como nos Estados Unidos, Reino Unido e toda a Europa. Todo mundo está partindo para a automação. Ela permite que a empresa reduza seu custo de produção, criando réguas de relacionamento personalizadas e otimizando assim seu resultado on-line.
Portugal vem num bom momento econômico nos últimos anos, muito em função da nova economia. O que falta fazer no Brasil para que ele também se desenvolva nesse sentido?
Portugal é o maior case para o Brasil. Era um país que estava quebrado e conseguiu se reinventar. Quando se fala de inovação, há um pouco de espuma em torno disso. Portugal resolveu concentrar investimento onde mais interessa. Atraiu a Web Summit, comprou o passe do evento, quase perdeu para Sevilha, mas renovou por dez anos. Atraiu também a Volvo Ocean Race. Enfim, criou uma política de atração de investimento que pegou em cheio chineses e brasileiros. Há pacotes de 200 mil, 300 mil, 400 mil e 500 mil euros, que vão desde investimentos em prédios históricos, passando por cultura, teatro, cinema, até compra de imóveis. Isso permite ganhar cidadania, entrar com visto, o que redundou em uma atração de capital absurda. É um exemplo de país que conseguiu se reinventar, se rejuvenescer e virar o principal destino turístico e de startups da Europa. Esse rejuvenescimento de Portugal gerou uma conexão entre as duas nações que está levando muitos portugueses para o nosso país. É incrível a quantidade de portugueses que está indo morar no Brasil, enxergando mais oportunidades lá do que nós aqui.
Como foi 2019 para a Dinamize?
Vivemos um momento muito bom. As nossas ferramentas – tanto de e-mail marketing como de automação de marketing – são produtos muito voltados a resultado: impacto nas vendas, conversão de leads, relacionamento, segmentação. Surfamos um momento muito bom, que está trazendo uma envergadura não só no Brasil como fora também. No exterior, há desafios distintos. No Canadá, estamos há dois anos e atendemos empresas como Volvo Norte América. Nos Estados Unidos, focamos no mercado brasileiro que vive lá. Em Portugal, a gente decolou: já estamos no terceiro ano, indo muito bem. E a Inglaterra é um desafio à parte: uma economia fabulosa, muito madura, mas muito exigente. Enfim, o ano foi excepcional.
O que podemos esperar de tendências para o futuro?
Já expus na Web Summit e também estive no SXSW. Esses eventos têm o papel de refletir o futuro, de supor o que virá. Existe um exercício futurista um pouco ufanista. Há dois anos, no SXSW, me garantiram que veríamos carros elétricos andando pelo Brasil inteiro, que 2020 seria o ano da primeira viagem tripulada para Marte. Esses eventos têm a função de ficar provocando, e isso é importante. Mas a gente deve ter um pouco o pé na “segunda-feira de manhã” e entender que a maioria das empresas no mundo inteiro ainda tem um desafio muito básico, que é a sua presença digital. Cerca de 90% das companhias não têm isso bem resolvido: nem site, nem geração de conteúdo, nem presença em redes sociais. É um desafio especialmente para o mercado brasileiro, que é fabuloso e único no mundo. O Brasil é formado essencialmente pelas classes C, D e E, que representaram 82,5% do e-commerce brasileiro ano passado. Somos um país de micro, pequenas e médias empresas, responsáveis por 80% dos empregos no país. E esse mercado ainda está por entrar na era digital para valer. Então falamos nos eventos de coisas muito além, e temos ainda de trabalhar o feijão com arroz. Mas é claro que esses eventos têm o seu papel, existem mercados que já estão surfando em um futuro com realidade aumentada, AI, IoT, e sabemos que isso é realidade. Mas não podemos perder a segunda-feira de manhã de vista.
*O Grupo AMANHÃ está presente em mais uma edição da Web Summit. A curadoria da cobertura tem a assinatura da BriviaDez, que promove uma missão ao evento.
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